Maria Fernanda Scelza e Arnaldo Henrique Sampaio


E QUEM VAI PAGAR O PATO? DEBATES SOBRE HISTÓRIA DO TEMPO PRESENTE NA SALA DE AULA


Introdução
A presente comunicação visa fomentar a discussão acerca do ensino de História do Tempo Presente nas salas de aula do Ensino Médio. Nossa proposta se desenvolve com base no conjunto de manifestações que desembocaram no processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff, durante o ano de 2016, como exemplo de fato recente a ser abordado junto ao alunado, e as formas com que tais acontecimentos estão representados no imaginário popular, a partir das apresentações do Grêmio Recreativo Escola de Samba Paraíso do Tuiuti durante o Carnaval de 2018.

É importante ressaltar que não temos a pretensão de esgotar o assunto e nem ditar normativas para a abordagem desse período, mas apenas apresentar possibilidades baseadas em nossa experiência docente, tanto na rede privada quanto na rede pública de ensino no município do Rio de Janeiro.

Eventos recentes e a abordagem em sala de aula: problematizações e possibilidades
Acompanhar a dinâmica conjuntura do Brasil é tarefa quase impossível para docentes de Ensino Médio. Para além das rápidas transformações no cenário sociopolítico do país, também nos deparamos com uma gama de informações que, no caso de não passarem por uma profunda seleção crítica, podem levar a interpretações equivocadas e posicionamentos simplistas.Daí a importância de compreendermos a seriedade de nosso ofício enquanto formadores de opinião e de auxiliares na construção do conhecimento.

Os eventos pertencentes à denominada História do Tempo Presente têm por característica a proximidade temporal de seus acontecimentos. (DELGADO e FERREIRA, 2014, p. 8) Portanto, todos nós – docentes e discentes – somos testemunhas dos eventos históricos que vamos interpretar, não existindo a possibilidade de um distanciamento.

As dificuldades encontradas, somadas à peculiaridade da História Recente, podem causar desconforto a alguns docentes, pois significa lançar mão de métodos de análise diferenciados, que muitas vezes possuem um caráter interdisciplinar, ou assumir posicionamentos políticos, atestando a impossibilidade de neutralidade no ofício de historiador.

De todo modo, não abordar eventos históricos recentesprejudica seriamente a construção do conhecimento e, principalmente, o desenvolvimento de uma consciência crítica por parte do alunado, impedindo sua percepção enquanto sujeito histórico.

Assim, é preciso a manutenção do compromisso com o presente. Não o presentismo vulgar, mas utilizar como referência questões, temas e conceitos acerca de diferentes âmbitos e que sejam inquietações também de nossos alunos.   

Para Pinsky e Pinsky,

“O grande desafio que se apresenta neste novo milênio é adequar nosso olhar às exigências do mundo real sem sermos sugados pela onda neoliberal que parece estar empolgando corações e mentes. É preciso, nesse momento, mostrar que é possível desenvolver uma prática de ensino de História adequada aos novos tempos (e alunos): rica de conteúdo, socialmente responsável e sem ingenuidade ou nostalgia”. (2008, p. 19)

Mas como apresentar tais acontecimentos recentes em sala de aula? Como iniciar uma análise histórica com nossos alunos e alunas? Como filtrar as notícias sensacionalistas e desprovidas de teor crítico que veiculam nas mídias e redes sociais? Pensamos em alguns pontos para serem debatidos em sala: 1. Quem é o “povo”?; 2. Identificar os atores sociais e seus interesses; 3. Discutir a funcionalidade e o problema dos impostos no Brasil; 4. O Carnaval como expressão artística,de crítica social e seus limites; e 6. Quais críticas o estabelecido está disposto a aceitar e as que ele não tolera (Paraíso do Tuiuti)?

O Impeachment de Dilma Rousseff, o pato amarelo e o Carnaval: significados
Partindo do processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff, podemos elencar alguns pontos a serem discutidos em sala: quais fatores podem ser apontados como geradores da situação-problema? Como relacionar os diversos posicionamentos apresentados durante as manifestações pró-impeachment e seus principais atores?

Para responder a primeira pergunta, optamos por problematizar o fato à luz dos dados disponíveis sobre as eleições presidenciais de 2014. Convém apresentar os números relacionados ao segundo turno: Dilma Rousseff (Partido dos Trabalhadores – PT) 51,64% e Aécio (Partido Socialdemocrata Brasileiro – PSDB) com 48,36% dos votos válidos. Votos Brancos: 1,17%; Votos Nulos: 4,63% e Abstenções: 21,10% (O GLOBO, 2014).

De que maneira discutir esses dados com o alunado? Uma possibilidade é apresentar as proximidades e diferenças das propostas políticas dos dois principais partidos políticos. Ambos os partidos apresentavam projetos políticos pautados na agenda neoliberal. O que difere é que o PT apresentou um viés mais popular, porém sem trazer mudanças significativas em seus mais de 10 anos de governo; já o PSDB insistiu no aprofundamento das medidas contidas na agenda, sem grandes inovações, e com a permanência do trato conservador com as classes populares.

Outro ponto a ser explorado é a visível divisão da sociedade brasileira entre os citados projetos hegemônicos. As complicadas eleições estiveram no rescaldo da Copa das Confederações e Jornadas de Junho de 2013 e Copa do Mundo de Futebol de 2014 no Brasil, onde existiu uma grande contestação dos rumos da política brasileira.

Estes acontecimentos podem servir de pontapé inicial para o levantamento dos possíveis fatores que levaram ao afastamento de Rousseff: falta de investimentos em serviços públicos básicos, corrupção endêmica nos amplos setores do governo, gastos excessivos nos empreendimentos dos megaeventos, criminalização crescente dos movimentos sociais e da pobreza, descrença na estrutura político-partidária do país, fortalecimento de movimentos apartidários e de cunho segregacionista, ressurgimento de ideais ditatoriais e retomada de projetos militaristas, entre outros. Ou seja, são infinitas as possibilidades de fatores a serem enumerados.

No segundo momento, já de posse dos dados geradores, identificamos em conjunto com os alunos e alunas os grupos sociais envolvidos nas manifestações e seus respectivos posicionamentos. Dessa maneira, chamamos a atenção para os interesses expressos por cada segmento social envolvido, bem como sua participação no processo histórico.Para essa etapa, a escolha de imagens publicadas nos mais diferentes meios é imprescindível para produzir uma relação e suscitar os debates.

É interessante apresentar algumas ideias sobre como a nossa vida – logo, a política também – está repleta de signos, significados e ideologias. Tomando por empréstimo as palavras de Mikhail Bakhtin

“Um produto ideológico faz parte de uma realidade (natural ou social) como todo corpo físico, instrumento de produção ou produto de consumo; mas, ao contrário deles, ele também reflete e refrata uma outra realidade, que lhe é exterior. Tudo que é ideológico possui um significado e remete a algo situado fora de si mesmo. Em outros termos, tudo que é ideológico é um signo. Sem signos não existe ideologia [...]. E toda a imagem artístico-simbólica ocasionada por um objeto físico em particular já é um produto ideológico” (BAKHTIN, 2004, p. 31)

Assim, uma das imagens mais emblemáticas do período é a do grande pato de 22 metros de altura em frente ao Congresso Nacional. Capitaneada pela Federação de Indústrias de São Paulo (FIESP), que representa os interesses dos industriais paulistanos, a campanha “Não vou pagar o pato” significou o rompimento da instituição com o governo de Dilma Rousseff, em crítica ao aumento dos impostos e o retorno da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

Posteriormente, os patos infláveis começaram a aparecer nos protestos favoráveis ao impeachment de Dilma Rousseff, juntamente com pessoas vestidas com camisas da seleção brasileira de futebol. Parte substancial da população foi galvanizada sob as bandeiras “contra a corrupção”, “por menos impostos”, “mais moralidade na política”, etc.



Fig. 1
https://www.sensacionalista.com.br/wp-content/uploads/2017/11/pato-fiesp-850x491.jpg

Por outro lado, é imperativo compreender que “o signo se torna a arena onde se desenvolve a luta de classes” (BAKHTIN, 2004, p.46). Já que as classes sociais envolvidas utilizam a mesma língua, disputam os signos, os símbolos de forma a representar seus anseios e interesses. Ou seja, o pato amarelo e as camisas da seleção entraram na arena da luta de classes, na disputa por sua significação.

Por exemplo, já em 2016, durante o Carnaval, populares começaram a se fantasiar de “paneleiros”, em referência aos manifestantes pró-impedimento da presidente, usando a camisa da seleção brasileira de futebol, panelas e colheres de madeira.

Fig. 2
https://conteudo.imguol.com.br/c/entretenimento/e9/2017/02/20/coxinha-paneleiro-fantasia-politizada-no-carnaval-do-rio-1487562616552_v2_80x80.jpg

Após o processo de impeachment de Dilma Rousseff, em 31 de agosto de 2016, o vice-presidente Michel Temer (Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB) assume o poder e coloca em marcha o projeto político-partidário conservador. Medidas referentes à reforma trabalhista, lei de terceirização, congelamento de investimentos sociais no Brasil por 20 anos, entre outros, afastou de vez as camadas menos favorecidas da tão sonhada igualdade social. As ações de Michel Temer não passaram despercebidas aos olhos de chargistas e cartunistas, passando a ser retratado como um vampiro que suga os direitos sociais da sociedade brasileira.

Fig. 3
https://www.sul21.com.br/wp-content/uploads/2017/03/20170329-reformas-de-temer-sul21.jpg

Pode-se considerar o auge da efervescência simbólica o próprio Carnaval de 2018, ano de novas eleições para presidente. No Rio de Janeiro, a agremiação Paraíso do Tuiuti apresentou o enredo “Meu Deus, meu Deus. Está extinta a escravidão?”, levando para a Apoteose – em meio a um Carnaval tipo exportação – uma síntese de toda a insatisfação de parte da sociedade com as reformas propostas pelo atual Governo Federal.

Aclamada como “campeã do povo” (a escola foi vice-campeã), a escola usou e abusou das representações simbólicas para tocar em pontos aqui levantados, como os “Guerreiros da CLT”, a releitura das manifestações do pato amarelo pelos “Manifestoches” e no carro-alegórico “Neo Tumbeiro”, cujo grande destaque foi a figura do “Vampiro Neo-Liberalista” com a faixa presidencial.

Fig. 4
https://www.brasil247.com/images/cache/1000x357/crop/images%7Ccms-image-000579374.jpg

O desfile crítico promovido pela G.R.E.S. Paraíso do Tuiuti teve impacto nacional e internacional, estampando as capas dos principais jornais. A resposta não tardou a aparecer: organizadores, políticos e apoiadores envolvidos com o atual governo se posicionaram contra o desfile, a ponto de no Desfile das Campeãs, a agremiação ter sido proibida de utilizar a faixa presidencial no destaque “Vampirão”...

Considerações finais
Como já apontamos no início do artigo, o objetivo aqui não é apresentar uma única maneira de abordar a história do tempo presente em sala de aula, mas sim iniciar um debate com osprofessores e apontar possibilidades.

Acreditamos que em tempos de Escola sem Partido, de censura e perseguição a docentes rotulados de esquerdistas e doutrinadores, o diálogo e o pensamento crítico são fundamentais para garantir que nossos alunos e alunas consigam perceber a necessidade de não se calarem.

É com este intuito que escrevemos este artigo... Enquanto podemos...


Referências
Maria Fernanda Magalhães Scelza é bacharel e licenciada em História pela UNIRIO e mestre em História Política e Cultural pela UERJ. É professora da rede privada de ensino, no Colégio Mallet Soares e Instituto Braga Carneiro.
Arnaldo Henrique de Sampaio Santos é bacharel e licenciado em História pela UFF e atua na rede estadual de ensino do Rio de Janeiro, no Colégio Estadual Milton Campos e CIEP 375-Wilson Grey.

BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e Filosofia da Linguagem. SP: HUCITEC, 2004.

DELGADO, Lucília de A. N. e FERREIRA, Marieta de M. (orgs.). História do Tempo Presente. RJ: FGV, 2014.

O GLOBO. Eleições 2014: apuração dos votos para Presidente. 27 out. 2014. Disponível em: http://g1.globo.com/politica/eleicoes/2014/apuracao-votos-presidente.html. Acessado em:

PINSKY, Jaime e PINSKY, Carla B. O que e como ensinar. Por uma História prazerosa e consequente. In: KARNAL, Leandro (org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. SP: Editora Contexto, 2008. pp. 17-36.



8 comentários:

  1. Parabéns professora pelo seu belíssimo texto, sem duvidas formas para abordar a historia do tempo presente temos uma gama, como as que foram apresentadas nesse artigo para nós, além de tudo essas informações chegam aos alunos principalmente pela utilização de Twitter e contato com as páginas no Facebook, creio que o passo a ser manuseado essas informações em sala carecem um trabalho de seleção e averiguação das fontes minuciosas pelo professor, mais me pergunto também se tais atividades poderiam entrar em nossa avaliação disciplinar e como elas entrariam? No geral quando se passa uma pesquisa aos alunos , percebemos o como forte é a cultura do ctrl+C e ctrl+V sem ao mínimo eles formataram ou enquadrarem os textos, seus apontamentos aqui abrem um novo caminho para uma pesquisa orientada que o aluno pode fazer e trazer para sala ao debate da historia do tempo presente, seja por meio do recorte das noticiais do carnaval, ou ate mesmo de print de paginas da internet sobre esses comentários como a imagem do vampirismo e a do pato e ate as fake news que veiculam muito na rede e entre as mensagens instantâneas. Sua pesquisa enriquece esse simpósio.
    Att, forte abraço.
    Eliandra Gleyce dos Passos Rodrigues.

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    1. Maria Fernanda Magalhães Scelza e Arnaldo Henrique de Sampaio Santos11 de abril de 2018 às 16:31

      Olá, Eliandra.
      Arnaldo e eu ficamos muito felizes em saber que nosso texto teve uma repercussão positiva e que levou a questionamentos por parte de nossos colegas docentes.

      Os alunos e alunas são bombardeados por informações provenientes de diversas fontes. Algumas mais confiáveis que outras, mas todas necessitando de um olhar crítico. É aí que entra, sem dúvida, o nosso trabalho. Os discentes precisam ter clareza das fontes das informações. São fontes e necessitam ser analisadas com o máximo rigor científico.

      Se pensarmos uma dinâmica em sala de aula, podemos propor que a turma seja dividida em grupos, ficando com cada um a incumbência de pesquisar as temáticas abordadas no nosso texto. Assim, por mais que exista o crtl+C e o crtl+V, ao exporem suas opiniões com base na pesquisa e, a partir daí, ser criado um debate, minimiza-se os impactos dessa falta de criticidade e constrói-se o conhecimento.

      Outro viés que pode ser interessante é o da memória. Trazer nossos alunos e alunas a discutir a representatividade do Temer, da Dilma e de todos os atores políticos no Carnaval, repensar as pautas que foram abordadas pelas escolas de samba e como essas questões impactam a sociedade e a própria História. Enfim, é um mar de possibilidades.

      Mais uma vez, agradecemos o comentário carinhoso.

      Forte abraço,
      Maria Fernanda Magalhães Scelza e Arnaldo Henrique de Sampaio Santos

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  2. Maria e Arnaldo,

    Que alegria ver a história cada vez mais levantando a cabeça da sua clausura temporal e olhando em volta! As disputas discursivas que estamos vivendo contemporaneamente com tanta ênfase não nos permitem mais olhar o presente como território proibido.
    Vi que ambos atuam na escola. Gostaria de saber se costumam levar propostas de leitura do presente para a sala de aula e se, por conta disso, já viveram alguma experiência de ameaça física ou jurídica (doutrinação, ESP, etc.)? Pergunto porque temos observado um movimento bastante crescente contra colegas da região serrana do Rio que tem gerado certo receio na abordagem da HTP - sustentado justamente no medo de ser intimado (jurídica ou fisicamente)...

    Abraços,
    Caroline Trapp de Queiroz.

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    1. Maria Fernanda Magalhães Scelza e Arnaldo Henrique de Sampaio Santos13 de abril de 2018 às 16:31

      Olá, Caroline.
      Agradecemos o seu comentário.

      O objetivo do nosso artigo foi justamente instigar o debate entre os(as) professores(as) de História acerca de seus posicionamentos em sala e como trabalhar os diferentes olhares sobre a História do Tempo Presente com os(as) alunos(as).

      Na medida do possível, levamos propostas de leitura do presente para a sala de aula, sobretudo sobre temas que possam fazer "pontes" com os fatos históricos a serem trabalhados. Entendemos que é importante para os(as) alunos(as) fazer tais relações. Afinal, a História não deve ser encarada como algo engessado, preso ao passado distante...

      Acompanhamos muito de perto o que acontece na Região Serrana. Temos colegas que atuam em escolas da localidade. Somos solidários a todos e todas que sofreram e sofrem perseguições e cerceamentos. É uma situação que nos causa indignação. De maneira frontal, nunca passamos por isso. No entanto, percebemos algumas"sutilezas" em nosso cotidiano (as câmeras de vídeo nas salas de aula, as mudanças bruscas e sem consulta de nossos livros didáticos, a diminuição da carga horária das disciplinas de Humanas...).

      De qualquer forma, optamos por não nos omitir quando o debate se dá na sala de aula. É sempre produtivo e pedagógico mostrar aos discentes que eles podem possuir uma postura diferente da nossa. Isso é saudável! Contudo, nos esforçamos para construir com eles um conhecimento baseado na crítica, no método, na pesquisa séria e comprometida. As questões que nos são postas no dia a dia não podem ser respondidas com simples "memes de redes sociais".

      Esperamos ter respondido suas questões.

      Abraços, Maria Fernanda Magalhães Scelza e Arnaldo Henrique de Sampaio Santos

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  3. No momento atual, político-social brasileiro estamos de certa forma retrocedendo à um passado já vivido? (Semelhantes situações com peças novas,e soluções não muito favoráveis a menor classe) . Qual forma de avordagem em sala sem posicionamentos pessoais? Uma vez que devemos fornecer bases para que os discentes exponham seus posicionamentos...
    Ana Vitória da Silva Maciel

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    1. Maria Fernanda Magalhães Scelza e Arnaldo Henrique de Sampaio Santos13 de abril de 2018 às 16:54

      Olá, Ana.

      Agradecemos os comentários feitos sobre nosso trabalho. É muito bom saber que nosso objetivo - fomentar a discussão com nossos colegas - está sendo alcançado.

      De fato estamos vivendo um momento delicado, com muitas nuances que nos remetem a períodos não muito distantes, onde o pensar diferente era uma ameaça. Contudo, preferimos dizer que são heranças referentes a "um passado que não passa", pois temos a sensação de que existe uma continuidade em determinadas práticas nada democráticas ao longo de todos esses anos pós-ditadura civil-militar.

      Apesar dessa conjuntura, entendemos que é preciso assumir uma postura sincera na sala de aula. Acreditamos que todo conhecimento é interessado, sendo impossível a existência de um posicionamento neutro. O que defendemos não é a passividade do alunado ou que reproduzam o senso comum das instituições das quais participam, mas que construam seus posicionamentos políticos de forma crítica, com embasamento teórico e metodológico, independente de serem semelhantes ou contrários às nossas opiniões.

      É claro que nossos(as) alunos(as) podem discordar de nós! Cremos que o conhecimento científico e, portanto, o escolar são construídos a partir de um debate respeitoso e, acima de tudo, bem fundamentado. Por isso, chamamos a atenção para os elementos que devem e podem ser utilizados em análises pelos discentes, esclarecemos a necessidade de observar criticamente todas as fontes e informações obtidas, assim como seus canais de divulgação.

      Enfim, as divergências de opiniões - se bem mediadas, é claro - são contribuições muito interessantes para a dinâmica ensino-aprendizagem a que nos propomos.

      Um forte abraço,
      Maria Fernanda Magalhães Scelza e Arnaldo Henrique de Sampaio Santos

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  4. Maria Fernanda Magalhães Scelza e Arnaldo Henrique de Sampaio Santos13 de abril de 2018 às 16:52

    Olá, Ana.

    Agradecemos os comentários feitos sobre nosso trabalho. É muito bom saber que nosso objetivo - fomentar a discussão com nossos colegas - está sendo alcançado.

    De fato estamos vivendo um momento delicado, com muitas nuances que nos remetem a períodos não muito distantes, onde o pensar diferente era uma ameaça. Contudo, preferimos dizer que são heranças referentes a "um passado que não passa", pois temos a sensação de que existe uma continuidade em determinadas práticas nada democráticas ao longo de todos esses anos pós-ditadura civil-militar.

    Apesar dessa conjuntura, entendemos que é preciso assumir uma postura sincera na sala de aula. Acreditamos que todo conhecimento é interessado, sendo impossível a existência de um posicionamento neutro. O que defendemos não é a passividade do alunado ou que reproduzam o senso comum das instituições das quais participam, mas que construam seus posicionamentos políticos de forma crítica, com embasamento teórico e metodológico, independente de serem semelhantes ou contrários às nossas opiniões.

    É claro que nossos(as) alunos(as) podem discordar de nós! Cremos que o conhecimento científico e, portanto, o escolar são construídos a partir de um debate respeitoso e, acima de tudo, bem fundamentado. Por isso, chamamos a atenção para os elementos que devem e podem ser utilizados em análises pelos discentes, esclarecemos a necessidade de observar criticamente todas as fontes e informações obtidas, assim como seus canais de divulgação.

    Enfim, as divergências de opiniões - se bem mediadas, é claro - são contribuições muito interessantes para a dinâmica ensino-aprendizagem a que nos propomos.

    Um forte abraço,
    Maria Fernanda Magalhães Scelza e Arnaldo Henrique de Sampaio Santos

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