Helena Ragusa



O DIÁRIO DE ANNE FRANK E AS POSSIBILIDADES DE SE PENSAR A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL PARA ALÉM DOS LIVROS DIDÁTICOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA


Este texto traz o relato de experiência realizada no 3º ano do Ensino Médio, em 2017, numa escola pública, situada no interior do Paraná onde atuei como professora de História por um tempo. A ideia inicial teve como objetivo um estudo sobre o tema da Segunda Grande Guerra a partir das experiências vividas por Anne Frank, as quais mais tarde vieram a compor a obra que virou best-seller, conhecida como “O diário de Anne Frank”.

Tendo em vista os desafios da própria disciplina, o ensino de história no tempo presente e refletindo acerca dos pressupostos teórico-metodológicos de Ana Maria Monteiro (2015), quanto às perspectivas do ensino de História no Ensino Médio, bem como as discussões promovidas por Jörn Rüsen (2009), e sua preocupação sobre os usos do passado, buscamos recriar junto aos estudantes, uma sala de aula que se parecesse mais com um lócusde “memória, sensibilidades e saberes” e que também pudesse ser um lugar de sentido para o fenômeno que iríamos estudar (MONTEIRO, 2015: p395).

Após lerem o livro e terem contato com alguns documentos, os estudantes propuseram uma espécie de exposição, onde pudessem por meio de tecnologias, fotografias e outros dispositivos compartilhar e interagir com os demais colegas de outras turmas e séries, suas impressões e seus modos de pensar sobre aquilo que estavam apresentando. Em meio a este processo, lidando com diferentes fontes, linguagens e representações, foi possível aos estudantes perceberem que a História não é feita de uma única versão e nem a partir de um dispositivo somente.

Antes de dar início às discussões de como foi feito o trabalho e os resultados obtidos, acredito na proximidade ou interesse quase que imediato dos estudantes seja do Ensino Fundamental ou Médio, com determinados temas históricos e neste sentido, a Segunda Guerra Mundial definitivamente é um deles. Ainda assim, os conteúdos por eles mesmos podem não garantir nada – como tantas vezes já aconteceu. Mas podem incentivar a ação dos professores desde que os acessem e mobilizem ( MONTEIRO, 2015: 403).

Isto talvez se deva por ser um assunto que há muito vem sendo divulgado e discutido em formatos e espaços diversos, e, portanto, um saber popularizado. Cabe então a nós professores buscarmos investigar como os estudantes incorporam as referências históricas que chegam até eles ou que são consumidas por eles e as noções que passam a ter sobre a História, no caso aqui, a História da Segunda Grande Guerra.

A escolha pela obra “O Diário de Anne Frank”, não se deu de forma aleatória, mas sim em decorrência do perfil da turma onde o projeto foi realizado, qual seja o de leitores assíduos. O 3º ano em questão contava com 28 estudantes aproximadamente, sendo a maior parte composta de meninos. O primeiro passo foi uma sondagem por meio de dois questionários prévios, os quais desenvolvi junto a eles no sentido de primeiramente compreender seus gostos, hábitos e sua realidade socioeconômica. Já o segundo questionário teve o intuito de investigar o quanto estes jovens sabiam ou conheciam da temática. Sobre este último, de fato eles demonstraram um conhecimento abrangente da guerra e o Holocausto, foi o fator mais evidenciado. Muito embora o conteúdo da 2ª Guerra também aparece na proposta curricular do nono ano do Ensino Fundamental, nos chamou a atenção o fato de apenas alguns terem se lembrado, enquanto que a maioria das respostas apontava para outros “lugares de saberes”, como os jogos de videogames que tratam desta temática sobre diferentes enfoques.  
Os filmes - especialmente os campeões de bilheteria – também apareceram como um destes lugares. “O Pianista”, “A Lista de Schindler”, “O menino do pijama Listrado”, “O Corajoso Coração de Irena Sendler” e alguns documentários sobre Hitler e sua trajetória. Na questão que referia-se à leitura de algo que remetesse a 2ª Guerra, estavam a obra “Mein Kampf” de Adolf Hitler, algumas biografias sobre o führer de autores diferentes e alguns poucos conheciam ou já tinham lido algo sobre “O diário de Anne Frank”.

Neste contexto surgiu a ideia de uma abordagem diferenciada quanto à guerra, uma vez que os alunos demonstravam uma “consciência histórica” sobre a mesma e seus acontecimentos. Se “a memória torna o passado significativo, o mantém vivo e o torna uma parte essencial da orientação cultural da vida presente” (RÜSEN, 2009: p. 164), então trabalhar com os diários de Anne Frank poderiam ser o ponto de partida para nosso estudo.

É verdade que ogosto pela leitura revelado pelos estudantes nos questionários e o pouco contato dos mesmos com a obra me encorajaram para o desenvolvimento do projeto. Além disso, o primeiro questionário revelou a freqüência com a qual visitavam as livrarias e o sebo principal da cidade, localizado na região central onde eles diziam passar boa parte das tardes, principalmente quando necessitavam realizar trabalhos solicitados por professores de outras disciplinas.

O sebo em questão possuía um bom número de exemplares do “Diário de Anne Frank” e a um valor significativamente menor do que nas livrarias convencionais. Antes, porém, fomos até a biblioteca da escola a fim de verificar a existência do livro.  Havia alguns volumes disponíveis para empréstimo, mas não o suficiente para que todos tivessem acesso.

Na semana seguinte após ter discutido os questionários respondidos e checado a biblioteca da instituição, muitos alunos apareceram com o livro na mão, alguns lidos outros com a leitura em andamento. Na terceira aula, a obra já havia sido lida por todos e então passamos a discutir sobre suas impressões de modo a dar seguimento ao projeto.

Aos poucos, com as carteiras colocadas em círculo, os estudantes foram relatando oralmente o que haviam lido, suas percepções sobre a escrita de Anne, a vida no esconderijo e o desfecho. Quase que ao mesmo tempo em que os relatos iam se dando, foram surgindo dúvidas quanto à guerra em si, desde a abrangência territorial, política e econômica da mesma, como também questionamentos acerca da perseguição em relação aos judeus. Na medida em que fomos avançando na discussão, outras indagações foram sendo colocadas, a respeito dos lados que compunham o cenário daquele período - inimigos e aliados – e o aparato bélico.

Ao notar a necessidade da turma em saber mais sobre o conteúdo propus então que ampliássemos nosso projeto que eles pesquisassem mais a fundo. Ao dividirem-se em pequenos grupos ideias foram surgindo no sentido de preencher as lacunas que outrora haviam apresentado. Sugeriram então que concomitantemente as memórias de Anne que se fariam presentes na exposição, fossem inseridas informações mais precisas sobre a guerra com o uso de mapas, imagens, reportagens da época e outros tipos de documentos.

A exposição aberta ao “público” com o título dado por eles: “Memorial Anne Frank”, ocorreu em nossa 4ª aula, numa sala de aula maior do que aquela onde regularmente assistiam as aulas e teve uma duração de aproximadamente duas horas. Turmas de diferentes níveis, professores de outras disciplinas, equipe diretiva, administrativa, bibliotecários, zeladores, contribuíram para que o projeto se concretizasse e se fizeram presentes na visitação.

O Colégio que está localizado nas imediações do aeroporto da cidade atende estudantes do próprio bairro, mas a grande maioria deles vem de outras localidades. O porte da escola é pequeno e conta com dois andares. No período da manhã a escola funciona apenas com o Ensino Médio no andar de cima, onde as salas de aula são menores – neste mesmo andar ficam a biblioteca, o laboratório de informática e ciências, as salas da pedagoga e da direção, sala dos professores e banheiro para uso dos funcionários. No período vespertino são apenas os estudantes do Ensino Fundamental, que por serem em maior número ocupam o andar de baixo onde as salas são maiores e onde em uma delas a exposição aconteceu.

Voltando à exposição, como dito anteriormente a sala dividiu-se em grupos, eles mesmos definiram seus pares e cada um demonstrou afinidade com uma determinada temática da guerra, documentação e recurso. Também, dentro dos grupos as tarefas foram divididas conforme a acessibilidade de cada um quanto ao material que deveria ser pesquisado, elaborado e levado, quem ficaria responsável por qual parte da montagem e também os elementos que comporiam o cenário, como trilha sonora, documentário e entrevistas sobre o diário.

A internet foi a principal ferramenta usada pelos estudantes para pesquisar sobre a guerra, como foi o caso do museu virtual de Anne Frank. Alguns sites e blogs sobre a guerra também foram acessados e pesquisados. Não pretendo aqui discutir os usos públicos do passado, muito embora acredito eu esteja diluído na elaboração e na tessitura de todo o trabalho realizado com os estudantes desde o início.

Cada vez o meio virtual é usado para investigação histórica a ideia foi de que ao realizarem suas pesquisas não se limitassem a um website somente, mas também outros, um deles, sugerido por mim o Café História, ressaltando a importância de confrontarem as informações obtidas com outros espaços de saberes como o livro didático de História adotado pela escola e parte da cultura material e a própria historiografia – orientada e indicada.

Depois de pesquisadas e coletadas as informações desejadas, “preencherem as lacunas”, os estudantes passaram a confeccionar o material que iriam expor. Embora a sala de aula onde se desse o evento fosse maior do que aquela que eles comumente usavam, a entrada dos visitantes precisava ser monitorada. Foi estabelecido um limite de 15 pessoas por vez permanecendo na exposição por cerca de 20 a 25 minutos. Os estudantes responsáveis pelos trabalhos revezavam-se entre si na medida em que chegava um novo grupo, tanto na tarefa de guiar os visitantes, como também de explicar os eventos.

Quanto aos elementos que compuseram a exposição estavam alguns escritos confeccionados a mão pelos estudantes com passagens que retratavam as memórias de Anne Frank, dispostas numa das paredes da sala; a construção de uma linha do tempo onde os marcos principais do confronto estavam em destaque – inclusive o dia em que as tropas alemãs entraram em Amsterdã; algumas réplicas da estrela de Davi e o significado que passaram a ter na Alemanha nazista; a ampliação das imagens de Anne, sua família e do esconderijo; uma espécie de tabela onde o público interagia identificando as bandeiras dos países envolvidos na guerra e a qual eixo pertenciam; a edição feita por eles do documentário acessado por eles no Youtube: “Biografia de Anne Frank, legendado em português do Brasil” passado ao final de cada visitação; a trilha sonora que tocaria continuamente durante a exposição, “As sombras do Tempo” de Henri Dutilleux, também, escolhida por um dos estudantes ligado ao mundo das músicas clássicas.

Fig. 1
Foto tirada por um dos estudantes. “Exposição: Memorial Anne Frank”. 3º ano matutino do Ensino Médio. Colégio Machado de Assis.

Os estudantes queriam que a exposição fosse vista por todos que na escola estivessem e que sua presença fosse lembrada. Para tanto uma mesa foi colocada do lado de fora da sala em que estava sendo montada a exposição e sobre ela os estudantes colocaram um caderno preto, de capa dura, com uma caneta presa a ele, onde todos que por ali passavam assinavam seus nomes. Também foi confeccionada uma urna de papelão, revestida de jornal, para um sorteio da obra ao findar de todo trabalho.

Também nesta mesma mesa, tivemos a ideia de colocarmos agrupadas um certo número de folhas com um aspecto mais envelhecido, enroladas na forma de canudos e amarradas com laços de fitas. Estas foram entregues na saída para os grupos que pela exposição passavam. A ideia era que depois de conhecerem a história de Anne lhes escrevessem uma carta, a qual, por sugestão dos estudantes ela já viesse com uma breve saudação.

Fig. 2
Foto tirada por um dos visitantes da exposição. “Exposição: Memorial Anne Frank”. 3º ano matutino do Ensino Médio. Colégio Machado de Assis.

Considerações finais
Alguns aspectos que consideramos importantes quando pensamos no ensino da disciplina de História no tempo presente foram fundamentais para que este trabalho acontecesse. Um deles estaria relacionado ao próprio tema da Segunda Guerra Mundial, esta “experiência histórica negativa”, pesada, um “fardo” como Jörn Rüsen (2009), coloca e que de certo modo “empurra o processo de construção de identidade para o confronto e produz um abismo entre um passado horripilante e um futuro que pretende ser o contrário desse passado” (RÜSEN, 2009: 164).

Levar em consideração a instituição escola e a cultura escolar, compreendendo-os como questões complexas, que atendem demandas, foi fundamental para que a experiência acontecesse, bem como a tentativa de aproximar o conhecimento acadêmico do saber que é produzido na escola, não enquanto mera “transposição”, mas sim enquanto um campo fértil de possibilidades, no sentido de transformação, pois conforme Ana Maria Monteiro (2015) trata-se de algo que

“Envolve além das referências do saber acadêmico, aquelas dos saberes dos alunos, dos docentes e dos diferentes contextos culturais e políticos e, também, o valores que são afirmados e/ou questionados” (idem, p.405).

Não foi um resultado que destacou-se na feitura deste trabalho mas sim muitos. Desde a sensibilização dos estudantes para com as memórias dos diários de Anne, o envolvimento e o engajamento na pesquisa, a preocupação e disponibilidade quanto a produção, elaboração e disposição dos materiais que compuseram a exposição até a interação com o público de modo que se tornassem partícipes de todo o processo.

Recriar uma história, ressignificar um espaço, estabelecer relações com outros saberes, como os “saberes da memória”, realizar uma abordagem diferenciada sobre um conteúdo são parte do “fazer-se “professor, um processo continuum, que não cessa, ao menos enquanto houver sentido.

Fig. 3
Foto tirada por um dos estudantes responsável pela exposição. “Exposição: Memorial Anne Frank”. 3º ano matutino do Ensino Médio. Colégio Machado de Assis.


Referências
Helena Ragusa é professora colaboradora do departamento de História da Universidade Estadual de Londrina.

FRANK, Anne. O diário de Anne Frank. Tradução de Ivanir Alves Calado. 35. ed. Rio de Janeiro: Record, 2013.

COSTA, Ana Maria Ferreira da. Perspectivas do conhecimento histórico no Ensino Médio. In: ZAMBONI, Ernesta; GALZERANI, Maria Carolina Bovério; PACIEVITCH, Caroline. Memória, Sensibilidades e Saberes. Campinas, SP: Editora Alínea, 2015.

RÜSEN, Jörn. Como dar sentido ao passado: questões relevantes de metahistória. História da Historiografia, n. 2, p. 163-209, mar. 2009.



30 comentários:

  1. Boa tarde. Em sua opinião, o ensino com relatos, diários, filmes e até jogos em certa maneira pode, além de diversificar o estudo, entusiasmar o aluno a procurar mais informações sobre certo assunto histórico, em livros e artigos?
    Emanoel do Prado

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    1. Sim claro acredito até pq pude constatar isto a partir da experiência realizada conforme apresento no texto.
      Obrigada

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  2. Olá, Helena Hagusa!
    Gostaria de iniciar parabenizando seu trabalho com a referida turma, assim como também a metodologia empregada. Acredito ser importante essa sondagem acerca de algumas questões quanto ao contato dos alunos com o referido tema, pois pode auxiliar o profissional da educação na elaboração de uma atividade mais completa e com um melhor resultado. Como aluno de graduação, vejo esse espaço aberto para o debate com a turma, que você realizou, onde eles puderam se expressar como sendo fundamental para a construção de um ser pensante, capaz de se expressar diante do público, além de promover um diálogo. Parabéns!

    “O diário de Anne Frank” é uma obra interessante. Aqui não teremos alguém vindo posteriormente ao evento falar sobre ele, temos uma narrativa onde alguém, nesse caso Anne Frank, fala a partir de uma experiência real, o que nos possibilita ter acesso a detalhes que talvez uma outra produção não nos forneça, ou traga o detalhe com alguma divergência. A obra trás um aspecto difícil de se ter em perspectiva, os sentimentos, e nele observamos os sentimentos de uma jovem nesse cenário no qual encontra-se. Podemos perceber, portanto, a importância do acesso as diversas fontes e a observação de suas particularidades ao narrar um determinado acontecimento. Diante do exposto, fica o questionamento: é possível alegar que, o deficit do aluno, sobretudo das escolas públicas, em conseguir dialogar sobre determinado conteúdo de forma a mostrar um conhecimento mais amplo e crítico, seria uma causa do uso limitado do material didático utilizado nas escolas, sem o auxílio de outras fontes que possam expandir o conhecimento transmitido e aprimorar a experiência em sala de aula?

    Bruno Silva de Oliveira

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    1. Olá Bruno, não acredito em deficit. Até pq como exponho no texto os alunos apresentavam um conhecimento bastante significativo em torno da temática da Segunda Guerra, uma "consciência histórica", a história de Anne Frank e a proposta da leitura da obra onde estão os cadernos de memória foi só mais uma versão de apresentar-lhes uma história q ainda não conheciam mas que circula nos espaços públicos - no próprio campo literário, por exemplo. Não acredito em uso limitado do material didático pq vejo hj em minha prática uma transformação no livro como fonte de pesquisa e não como objeto absoluto. Além do que as lacunas vem sendo preenchidas especialmente a partir de programa s como PIBID e PDE - uma espécie de mestrado profissional que embora suspenso neste "governo" tb levou o professor para novos diálogos e propostas no ensino de história. Grata!

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  3. Boa noite. Gostaria de parabenizar pelo trabalho, como pesquisador sobre Segunda Guerra não deixo de notar que os pesquisadores deste tema, que são por vezes (ou todas) são uma minoria diante de uma esfera macro nas pesquisas históricas.
    Gostaria de saber sua opinião a respeito sobre a literatura em sí para discutir sobre Segunda Guerra. Neste caso tendo o diário de "ANNE FRANK" como um fator de norteio. Sobretudo diante de um tema complexo, e de que forma esta literatura pode ser levada em consideração como uma ferramenta diferente, diante da história tradicional e metodologias mais tradicionais?

    Obrigado pela atenção. Também estou com um trabalho aqui. Fique a vontade para perguntar.

    Flavio Rafael Mendes Campos.

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    1. Olá Flavio, boa tarde. Acho q em parte o que respondi ao Bruno responde sua questão. Acredito no uso de fontes que possam oferecer aos estudantes diferentes versões da História mas que necessitam ser problematizadas e dialogadas com outras fontes caso contrário recairemos em qq aconteúdo q seja no "tradicional". Curioso tb - para pensarmos tá? -que aprendi a rever meus conceitos sobre este "tradicional" que tanto questionamos, uma vez que ouvi " tem dado certo. este ensino em alguns casos vem dando certo, é o que prova a aceitação dos alunos no ENEM por ex, q já vem num novo formato". Então como um ensino tradicional pode dar certo num novo modelo de se pensar a História? Enfim, hj é esta a minha pergunta e não mais " o ensino tradicional não serve para a atualidade". Esta minha proposta poderia ter dado completamente errado se eu não tivesse problematizado, usado o questionário prévio, se eu não tivesse exercido a empatia, interessante né?
      Grata Helena Ragusa

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  4. Bom dia. Em relação ao projeto aplicado, gostaria de saber, porque a história de "Anne Frank", perdura ao longo do tempo e de que forma ela pode ajudar na realidade brasileira? Tendo em vista a ausência do conflito e do genocídio em território nacional.
    Lorena Raimunda Luiz

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Boa tarde, obrigada pela questão. Fiquei pensando sobre esta sua colocação ausência do conflito em nosso território? Talvez, sim em termos geográficos, físico acho que foi isso que vc quis dizer. Digo isso não só referindo-me à participação de soldados brasileiros no conflito - conta-se por volta de 27.000 se não me engano. A guerra chegou até nós em tantos sentidos. Basta vermos o que aconteceu com os heróis que retornaram e os que não, para isso recomendo o livro "Os Brasileiros e a Segunda Guerra Mundial", dp professor e colega aqui de nossa Universidade - UEL -
      Francisco César Ferraz. As medidas restritivas à imigração judaica no Brasil e os discursos antissemitas tb presentes na obra de Maria Luiza Tucci Carneiro, na década de 1990, " O antissemitismo na Era Vargas". Também a obra do nosso colega e professor aqui no departamento de História em nossa Universidade, Professor Marco Antonio Soares sobre os judeus alemães que fugiram para Rolândia aqui ao norte do Paraná - cerca de 180 famílias - convivendo com nazistas q tb saíram da Alemanha num mesmo espaço de tempo. Também, outra questão seria a própria formação do Estado de Israel e a participação do Brasil no processo com Osvaldo Aranha. Sobre o que você coloca em relação ao genocídio, bem de fato este não aconteceu aqui mas levanto então duas questões: 1) a primeira refere-se aos milhares de judeus que fugidos da perseguição nazista vieram se estabelecer em SP e MG na década de 1930 - alguns com novas identidades, outros conseguindo passar pelas medidas restritivas impostas por Vargas especialmente em 1937 por meio da ajuda da JCA por exemplo. Além disso, foram vários os testemunhos e palestras pelo Brasil em universidades, nas congregações israelitas, etc. para contar sobre o que aconteceu a Anne e seus familiares. 2) No Paraná foi construído o primeiro museu do Holocausto de Curitiba para tratar da temática que afetou a vida dos imigrantes que para lá seguiram, muitos tendo fugido dos campos. Muitos separados do restantes de seus familiares que foram mortos nestes campos, refizeram suas vidas aqui. 3) Um país onde não contrário do que se propaga tem uma democracia frágil e q já se mostrou incapaz em alguns momentos. Para não falar de movimentos como os skinheads ou dos espaços como as redes sociais onde se propaga que o ódio aos judeus e a todos aqueles que não contemplam o que se espera da identidade de um povo. Veja a situação dos ciganos no Rio Grande do Sul? Ou como são vistos ainda os espaços onde as religiões que não compartilham dos princípios cristãos e que são alvos de preconceito. A experiência traumática do Holocausto não foi superada e por esta razão ela sempre surge e ainda se repete em outros espaços e lugares e outros grupos - Iraque, Sudão... - precisamos falar do Holocausto. Enfim, espero que tenha lhe respondido.

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  5. Bom dia, imagino que você tenha assistido o filme "O Leitor", neste contexto, de que forma poderia-se utilizar como paralelo tanto o filme quanto a história de Anne Frank?
    Lidiane Álvares Mendes
    Mestra em História Social/ UFAM

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    1. Olá Lidiane, sim assisti. Interessante pensar sobre isso embora pouco viável no contexto escolar - ao menos com o meu - devido ao tempo que a minha experiência mesmo levou. Mas talvez, seria apresentar aos alunos um outro ponto de vista da História do Holocausto pq é disto que se trata a película a qual vc se refere e àqueles que foram recrutados para o serviços como a protagonista analfabeta e que precisava comer - ela e tantos outros cidadãos alemães. Não trabalharia certamente assim como não o fiz em relação a Anne com uima revisitação ao passado pensando em vitimizações ou culpabillização. Os julgamentos internacionais já aconteceram e não nos cabe. Mas sim em pensar num outro ponto de vista da guerra. Também se trata de uma ficção, com fundo histórico mas uma ficção e no caso da minha experiência escolhi algo mais paupável que de fato tenha ocorrido. Mas já trabalhei com o Menino do pijama Listrado e foi longo o trabalho devido ao tempo que temos em sala de aula e ao tratamento diferencial que temos que dar a uma fonte como o cinema o que não foi o caso aqui. Mas foi proveitoso, denso e também oferecia uma outra forma de se pensar o Holocausto, muito embora acho q todos chegam ao genocídio. E a questão do genocídio e da limpeza étnica é o que mais me preocupa no mundo atual. Obrigada.

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  6. Boa Noite, belo trabalho parabéns.
    É super legal dar aula com diferentes metodologias e fontes, acerca da experiência que você teve, gostaria de saber como foi que os alunos receberam a proposta de ler o livro ? Foi em parte positiva ?

    Caroline Souza Silva

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    1. Olá boa tarde grata pela questão. Logo no começo do texto conto um pouco de como foi a recepção dos alunos, foi muito positivo sim. Grata

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  7. Olá, parabéns pela iniciativa!
    Gostaria de saber, levando em conta a faixa etária dos alunos, quais as dificuldades que os mesmos apresentaram ao longo do trabalho executado?

    Denise Cristina Ramos

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    1. Olá por ser Ensino Médio não foi complicado não, não houveram dificuldades a não ser o tempo para que o mesmo fosse executado kkk são poucas aulas e tive que contar com uma equipe muito disposta ainda bem. Obrigada

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  8. Olá, Helena! Fiquei fascinado com o seu relato de experiência. Fantástico! Especialmente pela quantidade de material reunido pelos/as estudantes durante a exposição. Foram muitas fontes diferentes conectadas. Lembrei-me muito do conceito de bricolagem utilizado por Michel de Certeau em "A Invenção do Cotidiano", em que se reúnem e entrelaçam diferentes objetos, fontes, chegando então a uma estrutura de sentido. Me identifiquei muito com essa questão de utilizar a literatura para sensibilizar os/as estudantes diante do tema da guerra porque costumo buscar esse mesmo objetivo por meio do cinema. O filme dos Studios Ghibli, "O Túmulo dos Vagalumes", é excelente para instigar sensibilidades. E em relação a turma, esse gosto pela leitura é algo bastante geral? Você sentiu que alguns/algumas estudantes passaram a se interessar mais pela leitura depois da experiência?

    Att. Diogo Matheus De Souza.

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    1. Olá diogo obrigada, boa tarde. Como relato no texto foi incrírvel mesmo, fez muito sentido para mim - do ponto de vista pessoal e o momento que eu passava e para eles, admito este trabalho me salvou de tantas maneiras. Como afirmo no meu relato era uma turma de leitores, então não tive problemas eles adoravam ler. ( Acho q ainda adoram pq já terminaram o Médio)

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  9. Humberto Bruno Santos de Moura11 de abril de 2018 às 16:44

    Meus parabéns pelo fantástico trabalho, tanto o de levar esse formato à sala de aula quanto de trazer a discussão aqui. É, sem sombra de dúvidas um excelente trabalho.
    Bem, a leitura do texto me indicou sua preocupação com a preparação do estudante frente a determinado tema, seu zelo por fazer com que os estudantes se sentissem inseridos no processo de aprendizagem e me parece que a resposta foi a mais positiva possível, com os estudantes participando com a construção das aulas, do conhecimento. Considero essa participação é muito importante para a prática pedagógica, pois eleva todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem. Nesse sentido gostaria de saber o que foi de iniciativa dos estudantes, quais foram as provocações trazidas pelos próprios e se isso, de certa forma, contribuiu para a participação deles em outras atividades, outras aulas, outros temas?

    Humberto Bruno Santos de Moura

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    1. Olá Humberto obrigada, boa tarde. ao longo do trabalho exponho como esta experiência foi sendo ampliada e refletida pelos próprios alunos e como dialogamos. Acho que mais orientar do que ensinei ou propus algo. Obrigada

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  10. Ual, texto maravilhoso, que relato bacana!! Anne Frank é um ótimo meio de trabalhar a segunda Guerra Mundial em sala de aula, porém além de trazer como fonte, explora-lo e fazer o aluno observar mais de perto o que oi a guerra, neste sentido, gostaria que se possivel me ajudasse, como deveria trabalhar Anne Frank com o ensino fundamental, de maneira suave e mostrando aos alunos a importancia da historia da menina e a guerra em sí? Obrigada!
    Ana Letícia Pasquali

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    1. Obrigada Ana! Boa tarde. Acredito q existem coleções mais adaptadas da obra de Anne Ana e existe a história - hj em dia de outras garotas q são inclusive sobreviventes de traumas coletivos em outras regiões do mundo que podem também surtir digamos assim o mesmo efeito. Mas no caso de Anne, olha teriamos q sentar e vere um plano de aula bacana, kkk, mas acredito que começar com uma obra mais adaptada a idade deles, seria um começo. Abraço

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    2. Como me lembrou uma leitora no útlimo quadrinho tem anne Frank em quadrinhos. Beijos

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  11. Boa tarde! É fabuloso que professores não se limitem somente ao livro didático, utilizem também fontes e outros métodos de ensino, diversificando a aula, interagindo com os alunos, construindo a consciência histórica dos mesmos, proporcionando uma aula divertida e argumentativa, levando os alunos a criticar a sua vida prática. Nesse sentido gostaria de saber sobre a historiografia, os alunos tiveram algum contato com ela mais profundamente?

    Att.: Ligia Daniele Parra

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    1. Sim sim, como respondi no segundo comentário alguns trechos destas obras foram usadas e o mais incrível, a ida de um professor da academia fazer uma fala com os alunos. Foi emocionante para mim e para eles. Sou muito grata.
      o livro "Os Brasileiros e a Segunda Guerra Mundial", dp professor e colega aqui de nossa Universidade - UEL -
      Francisco César Ferraz. As medidas restritivas à imigração judaica no Brasil e os discursos antissemitas tb presentes na obra de Maria Luiza Tucci Carneiro, na década de 1990, " O antissemitismo na Era Vargas". Também a obra do nosso colega e professor aqui no departamento de História em nossa Universidade, Professor Marco Antonio Soares sobre os judeus alemães que fugiram para Rolândia aqui ao norte do Paraná - cerca de 180 famílias - convivendo com nazistas q tb saíram da Alemanha num mesmo espaço de tempo.

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    2. Desde o PIBID e programas como o PDE - uma especie de mestrado profissional criado no governo Requião aqui no Paraná e aq foi suspenso pelo outro governador, mas que até "ontem" funcionava - os livros didáticos passaram a ser explorados em sua dimensão - muitas coleções excelentes - como fontes de pesquisa q podem ser dialogadas com outras.

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  12. Boa tarde! Adorei ler sobre a sua experiência, parabéns pela iniciativa!
    Acredito que a participação da turma também seja de extrema importância para a realização de todo esse trabalho, pois atualmente é difícil encontrar um grande número de alunos que se interessem por leituras maiores. Em sua opinião, como é a melhor forma de despertar a curiosidade dos alunos para que cooperem com projetos como esse?
    Aliás, você conhece o Diário de Anne Frank em quadrinhos? Seria uma boa maneira de levar aos alunos?

    Bruna Brandel Meleck

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  13. Boa tarde! Como discorro no texto o conhecimento prévio, acionar este recurso é o primeiro passo. Conhecer seus alunos e sua turma, compreender a dinâmica da escola, da gestão.
    Sim conheço acho fantástico.

    Obrigada

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  15. Boa noite! Achei o tema muito pertinente principalmente pela utilização de relato de alguém que participou deste acontecimento, gostaria de saber quais outros livros sobre este mesmo tema que podem ser trabalhados na sala de aula?

    Amanda Borges Pereira

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  16. Boa noite Helena! Parabéns pelo ótimo trabalho realizado com a turma! Fiquei impressionada com a quantidade de materiais e fontes usados pelos alunos. Eu gostaria de saber se o uso de relatos de experiências, com os de Anne Frank em seu livro, pode estimular o interesse dos alunos, por leituras de obras impressas?
    Ana Lúcia Ferreira de Mattos

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