Giovana Maria Carvalho Martins


CONTEXTO HISTÓRICO DA OBRA “OS MISERÁVEIS” E O ENSINO DE HISTÓRIA

Este trabalho é parte das discussões realizadas ao longo da Graduação em História na Universidade Estadual de Londrina, que resultaram na realização de um Trabalho de Conclusão de Curso e se estenderam para o Mestrado em Educação na mesma instituição. Ambas as pesquisas estão relacionadas pela temática do ensino de História através de adaptações do romance “Os Miseráveis”, de Victor Hugo, publicado originalmente em 1862. O foco da pesquisa desenvolvida na graduação foi o trabalho com uma adaptação literária voltada para o Ensino Fundamental, enquanto o foco da pesquisa do Mestrado vem sendo o trabalho com uma adaptação em quadrinhos, que será utilizada para o trabalho com turmas de Ensino Médio.

Assim, o presente texto tem por objetivo discutir as possibilidades de uso da obra “Os Miseráveis” em aulas de História pensando em seu contexto histórico e no conteúdo abordado ao longo do romance, levando em consideração também o uso de fontes históricas nas aulas.

De maneira geral, o contexto da história de Jean Valjean e dos personagens que estão ligados a ele durante sua trajetória é a pobreza e miséria extremas em que viviam os desfavorecidos na França na época posterior à Revolução Francesa. A obra retrata, portanto, a injustiça social na França especialmente entre a Batalha de Waterloo (1815)até os motins parisienses de junho de 1832. A obra trata,assim, da queda de Jean Valjean ao inferno social e sua redenção moral (FERRER, 2002, apud GAMBOA, 2013, tradução nossa).

José Rafael Gamboa (2013, tradução nossa) afirma que “Os Miseráveis”, apesar de ser uma história fictícia, se move em duas dimensões: por um lado, a biografia de alguns personagens como Valjean, Mario e Cosette e, por outro, a contextualização espacial e temporal do drama. É comum encontrar no livro (e em suas adaptações) fragmentos que descrevem a França no século XIX e mencionam personagens históricos como Bonaparte e Lamarque, assim como a vida dos parisienses da época, descrevendo seus bairros, ruas, delinquentes e as barricadas.

Renato Ribeiro (2014) aponta que a miséria enquanto tema é algo novo no século XIX. Não que seja nova enquanto realidade, mas seu aparecimento como algo que causa escândalo e que figura em livros, romances e estudos sociais aconteceu no século XIX. O período retratado no livro, a primeira metade deste século, foi marcado por enormes migrações do campo para a cidade, graças a guerras e à industrialização. Muitos deixaram as zonas rurais em busca de uma situação melhor nas cidades. Encontraram, porém, condições muito incertas, pois muitas vezes faltava emprego, comida e locais para viver. Mas isto não foi uma exclusividade da França: em Charles Dickens, podemos encontrar a versão inglesa desta situação, e “[...] é isso o que permite falar de um espetáculo da pobreza, na Londres e na Paris do século XIX” (RIBEIRO in HUGO, 2014, pp. 17-18).

Como vemos bem retratado em “Os Miseráveis”, o século XIX foi marcado por uma série de mudanças e de conflitos políticos no contexto europeu, seja na questão econômica ou nas formas de poder, mas estas não significaram mudanças imediatas nas formas de vida da população mais pobre, que ainda permanecia marginalizada.

O historiador Marco Mondaini (2011) afirma que houve três grandes ondas revolucionárias na Europa no período de 1815 a 1848, e neles estavam mesclados os ideais democráticos de igualdade política, a luta pelo sufrágio universal e pela liberdade de associação. Estas ondas demonstraram que, “[...] além da impossibilidade histórica de fazer renascer o feudalismo e sua estrutura política descentralizada”, fora descoberto, com a Revolução Francesa e toda sua sequência de guerras que a transformação da ordem política e social era possível – a resignação e o conformismo com a ordem estabelecida era apenas uma expressão possível, mas não a única. O “modelo insurrecional explosivo” teve a tomada da Bastilha em 14 de julho de 1789 como modelo, e continuou com as lutas nas barricadas no século XIX (MONDAINI, 2011, p. 215). Estas questões estão muito presentes na narrativa do romance, sobretudo porque seu autor, Victor Hugo, foi um francês que nasceu em 1802 e morreu em 1885, vivendo quase todo o século XIX retratado por ele neste romance.

Fulvia Moretto (2003, p. 09) evidencia que Hugo presenciou “[...] o Primeiro Império de Napoleão I, a Restauração, a Revolução de 1830, a Monarquia de Julho de Luis-Felipe de Orléans, a Revolução de 1848, o Segundo Império de Napoleão III e a Terceira República, a partir de 1870”, bem como viu o surgimento de diversos movimentos culturais como o Neoclassicismo, o Romantismo (do qual ele foi expoente), do Realismo, do Parnasianismo, do Naturalismo. Foi um século agitado, quando desenvolveu-se a civilização industrial, com grande movimento das pessoas para as cidades, bem como um grande desenvolvimento da ciência, já começado com o Iluminismo no século anterior, marcado também pela Revolução Francesa de 1789.

É este o contexto em que Victor Hugo viveu e se dedicou à escrita de seu famoso “Os Miseráveis”. É natural, pois, que se interessasse pela ideologia e política da época, inclusive imprimindo-as na narrativa de seu romance. Desta feita, torna-se essencial entender o contexto em que viveu um autor para compreender sua obra, e, a partir disto, poder analisá-la e possibilitar seu trabalho numa perspectiva escolar.

Com isto, pensamos na possibilidade do uso de fontes literárias em aulas de História. A autora Maria Aparecida Leopoldino (2015, p. 131) defende que usar literatura no ensino de História, além de se tratar de uma diversificação de fontes, “[...] possibilita mediar a compreensão de um conjunto de contextos sociais e históricos em sala de aula”. Além disto, é imprescindível reconhecer o texto literário como pertencente ao conjunto da cultura escolar (sobretudo quando pensamos no caso das duas adaptações que são trabalhadas ao longo das pesquisas mencionadas, que são voltadas também para o uso escolar – portanto, não se tratam pura e simplesmente de “versões infantis” de “Os Miseráveis”). Há que se considerar também a relação entre as diferentes linguagens (imagens e narrativa) que compõem o texto literário, de maneira que a literatura infantil passa a ser vista “[...] como uma possibilidade de descobrir o mundo imenso dos conflitos, dos impasses, das soluções que todos vivemos e atravessamos”, por meio das questões postas pela história escolar” (ABRAMOVICH, 1991, apud LEOPOLDINO, 2015, p. 135).

Cabe ressaltar que o uso deste tipo de fonte no ensino de História envolve uma série de desafios, pois é necessário superar o simples trabalho de textos literários enquanto ilustrações de um determinado conteúdo a ser exposto pelo professor, ou mesmo sua leitura de forma anacrônica. Os textos literários podem ser tomados como documentos da época em que foram escritos, mas que seu uso na contemporaneidade envolve muitos outros fatores, pois tanto um historiador que se debruça sobre eles quanto um aluno cujo professor propôs o uso de literatura enquanto fonte em sala de aula possuem suas próprias leituras e conhecimentos que vão influenciar no resultado do trabalho. É, portanto, um campo aberto de possibilidades, cujas interpretações e formas de trabalhar são diversas.

Outro ponto importante a ser discutido é o fato de que as obras literárias não têm compromisso com o real – os acontecimentos ali retratados são romantizados, por mais que as obras possuam um pano de fundo por vezes muito bem explorado, como ocorre em “Os Miseráveis”. No caso do romance aqui trabalhado, há inclusive referências a eventos e personagens que de fato existiram, mas Victor Hugo é claro em sua intenção de criar uma obra literária, não um estudo historiográfico fidedigno do período. Muitos eventos não aconteceram da forma como estão postos ou realmente não tem a intenção de ser semelhantes ao real, e isto deve ser problematizado com os alunos. Sobre isto, Nicolau Sevcenko (2003) afirma que a literatura é um produto artístico – porém, da mesma forma que não há uma árvore sem raízes e não se pode imaginar a qualidade de seus frutos sem levar em conta as condições de seu solo, do clima e das condições ambientais, a literatura é produto de seu tempo e é reflexo das condições socioculturais do meio em que os autores se inserem.

Seu uso escolar necessita, de acordo com Janaína Correia (2012), da realização de perguntas, pois a Literatura, “como qualquer outro documento, só permite acesso aos dados e informações mais densas à medida que é questionada”. Os alunos devem, portanto, ser orientados a questionar a fonte trabalhada: “Quem é o autor? Qual o seu público? A quem se destina a obra? Em que momento histórico foi criado? Qual a importância desta obra nos dias atuais?” (CORREIA, 2012, pp. 192-193). Ademar Santos (2008) também trata desta temática, e afirma que

“a junção da Literatura com a História no ambiente escolar deve propiciar um momento de reflexão que possa acrescentar à formação de cidadãos leitores que saibam questionar a autoria do texto, a intencionalidade da obra e os motivadores de tal pensamento”. (SANTOS, 2008, p. 01).

Portanto, não se trata apenas de utilizar a obra, independentemente do suporte em que se encontra, como ilustrativa de um período a ser estudado, mas sim explorá-la a fim de permitir que os próprios alunos construam o conhecimento a partir da fonte que lhes é fornecida, buscando diversificar o processo de ensino-aprendizagem de História.

O objetivo da discussão aqui proposta é evidenciar a possibilidade de um trabalho metodológico em sala de aula para que seja possível, no ensino de História, a construção de conhecimentos através de uma aprendizagem significativa. Esta se dá quando uma nova informação se ancora na estrutura cognitiva do aluno (LIMA, 2009 apud PEREIRA, 2013), de maneira que um conhecimento novo fará mais sentido se o aluno conseguir fazer uma ligação deste a outro mais antigo. É mais difícil para o aluno aprender conceitos que não tem ligação com os conhecimentos que ele já traz em sua bagagem (seus conhecimentos prévios), de maneira que o ensino de história que trabalha apenas com a memorização de fatos é conhecido por ser “maçante”, “repetitivo”, “difícil” (PEREIRA, 2013).

As autoras Marlene Cainelli e Magda Tuma (2009) dialogam com Lee (2001), defendendo que as estruturas de pensamento necessárias para que a criança aprenda história estão intimamente relacionadas

“com a capacidade de estabelecer inferências e analisar evidências. O trabalho do professor deve ancorar-se nos passos realizados pelo historiador para escrever sobre o passado. É preciso construir juntamente com a criança os meios para que ela entenda os procedimentos da construção historiográfica e como o historiador analisa os vestígios nos documentos para escrever a história. Nesse sentido, enfatizar o trabalho do historiador como método norteador das atividades na aula de história. (CAINELLI; TUMA, 2009, p. 212).”

O uso de um romance histórico pode ser de grande valor, já que este gênero literário caracteriza-se por possuir um enredo atraente, que leva o leitor a se envolver com a história. Além disto, “Os Miseráveis” trata de um assunto dramático que ainda permanece atual, que é a miséria, especialmente em um país com tamanhas desigualdades sociais como o Brasil. É inegável, portanto, que o enredo chama a atenção mesmo do leitor mais desatento, e sua adaptação para uma linguagem mais acessível facilita o seu uso em ambiente escolar.

Sobre a relevância histórica do romance, considerando que “Os Miseráveis” foi escrito há mais de 150 anos, entendemos que o valor intrínseco de uma obra literária não é suficiente para garantir sua sobrevivência ao longo dos séculos. Os ensaios, antologias, versões para teatro e cinema, história literárias, traduções e demais reescrituras, como as adaptações, ajudam a criar a imagem de uma obra junto ao público, sendo também responsáveis pela reputação de um escritor (LEFEVERE, 1992 apud AGUIAR, 1996).
O romance original inspirou muitas versões, desde histórias em quadrinhos até versões fílmicas. Seu autor já era conhecido antes mesmo de publicar “Os Miseráveis” – romance que fez tanto sucesso que, em seu lançamento, mesmo a classe operária francesa o havia lido (GOMIDE, 2014).

O próprio Victor Hugo, em carta para o editor da tradução italiana de “Os Miseráveis”, em 1862, afirmou que o livro não é relevante apenas na França, já que “os problemas sociais ultrapassam fronteiras”. Ele seria destinado, portanto, a todos os lugares onde há “feridas do gênero humano”, que estão por todo o mundo, e não param nas fronteiras entre os países. “Em todo lugar onde o homem for ignorante e cai desesperado, em todos os lugares onde a mulher se vende por um pão [...], Os Miseráveis batem à porta e dizem: ‘Abram para mim, estou vindo para vocês’”. (HOVASSE, 2012, p.47).

Trata-se, portanto, de uma fonte de grande valor histórico, seja pelo impacto que causou quando foi lançado, seja por ainda hoje ser um expoente literário, seja pela forma como se pode encontrar o contexto em que foi escrito dentro de suas páginas. É inegável que é uma novela, uma narrativa de ficção, e que os acontecimentos aí descritos estão romantizados. Todavia, a miséria, a luta pela sobrevivência, os conflitos sociais e políticos e a injustiça eram reais no período retratado por Victor Hugo – e são reais hoje, em seus devidos contextos mundo afora.

Diversas questões podem ser levantadas ao longo da leitura da obra, como a sensibilização graças à temática delicada e o “pensar no outro”, mesmo que este “outro” esteja no passado. Além disto, “Os Miseráveis” traz diversas questões a seu favor quando pensamos em seu uso escolar: é ambientado em um período que consta na grade curricular do ensino fundamental/médio e que é conhecido por ser maçante, visto que a Revolução Francesa envolve uma profusão de datas e conflitos políticos que podem confundir os alunos.As versões adaptadas que são trabalhadas nas pesquisas trazem estas questões de maneira mais amena, com explicações simples sobre pontos ligados ao contexto histórico, e o pano de fundo do romance fica bem claro ao longo das narrativas, de forma que não é possível dissociar a narrativa romântica dos conflitos históricos narrados. Consideramos, portanto, que o trabalho com romances literários em aulas de História, seja sua versão original ou adaptações dos mais diversos tipos, pode se constituir em uma atividade rica, que incentivaos alunos à reflexão, ao desenvolvimento do senso crítico e ao trabalho com fontes, levando a um ensino de História que utilize 

“linguagens diferenciadas com intuito de propiciar aos alunos um processo de aprendizagem mais interativo, prazeroso e que tenha algum significado para sua vida, dando-lhes condições de se posicionarem criticamente frente a diversas questões e aos problemas que os cercam” (GUERRA; DINIZ, 2007, p. 129).

Referências
Giovana Maria Carvalho Martins é bolsista CAPES do Mestrado em Educação da Universidade Estadual de Londrina e orientanda da Profa. Dra. Marlene Rosa Cainelli.
  
AGUIAR, OfirBergemann de. A Recepção de Os Miseráveis no Brasil do século XIX. UNESP/ São José do Rio Preto, 1996. Disponível em: <https://www.revistas.ufg.br/sig/article/view/7297/5164>. Acesso: 08mar. 2018.

CAINELLI, Marlene Rosa; TUMA, Magda Madalena P. História e memória na construção do pensamento histórico: uma investigação em educação histórica. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n.34, p.211-222, jun.2009. Disponível em: < http://www.histedbr.fe.unicamp.br/revista/edicoes/34/art14_34.pdf>. Acesso: 08 mar. 2018.

CORREIA, Janaína dos Santos. O uso da fonte literária no ensino de história: diálogo com o romance “Úrsula” (final do século XIX). Revista História & Ensino, Londrina, v. 18, n. 2, p. 179-201, jul./dez. 2012. Disponível em: <https://moodle.ufsc.br/mod/resource/view.php?id=456839>. Acesso: 08 mar. 2018.

GAMBOA, José Rafael Arce. La justicia y la misericordia en Los Miserables. In: Revista de Lenguas Modernas, nº 19, pp. 713-718, 2013. Disponível em: <revistas.ucr.ac.cr/index.php/rlm/article/download/14043/13349>. Acesso: 08mar. 2018.

GUERRA, Fabiana de Paula; DINIZ, Leudjane Michelle Viegas. A incorporação de outras linguagens ao ensino de história. História & Ensino, Universidade Estadual de Londrina, v. 13, pp.127-140, 2007. Disponível em: <https://moodle.ufsc.br/pluginfile.php/849674/mod_resource/content/1/GUERRA%2C%20Fabiana%20de%20Paula%20-%20Artigo%20-%20Hist%C3%B3ria%20%20Ensino.pdf>. Acesso: 08 mar. 2018.

GOMIDE, Glória. Os Miseráveis de Victor Hugo: a invisibilidade através do nome. Rumores, USP, número 15, volume 8, pp. 56-68, janeiro-junho/2014. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/Rumores/article/view/83564>. Acesso: 08 mar. 2018.

HOVASSE, Jean-Marc. Os Miseráveis 2012. In: BARRETO, Junia (org). Victor Hugo: disseminações. Vinhedo, Editora Horizonte, 2012.

LEOPOLDINO, Maria Aparecida. A leitura de textos literários no ensino de história escolar: entrelaçando percursos metodológicos para o trato com os conceitos de tempo e espaço. Revista História Hoje, v. 4, nº8, pp. 130-151, 2015. Disponível em: <https://rhhj.anpuh.org/RHHJ/article/view/189>. Acesso: 08 mar. 2018.

MONDAINI, Marco. Guerras Napoleônicas. In: MAGNOLI, Demetrio (org). História das Guerras. 5 ed. São Paulo: Contexto, 2011.

MORETTO, Fulvia M. L. Victor Hugo e o romantismo. Revista LettresFrançaises, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, n. 5, 2003. Disponível em: < http://seer.fclar.unesp.br/lettres/article/viewFile/736/602>. Acesso: 08 mar. 2018.

PEREIRA, Juliano da Silva. Algumas reflexões sobre o conceito de empatia e o jogo de RPG no ensino de História. Anais do XXVII Simpósio Nacional de História. 2013. Disponível em: <http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1364641045_ARQUIVO_ALGUMASREFLEXOESSOBREOCONCEITODEEMPATIAEOJOGODERPGNOENSINODEHISTORIA.pdf>. Acesso: 08 mar. 2018.

RIBEIRO, Renato Janine. Um novo olhar. In: HUGO, Victor. Os Miseráveis. Tradução e adaptação: BARROS, Frederico Ozanam Pessoa de. 4ª edição. São Paulo: Editora COSAC NAIFY, 2014.

SANTOS, Ademar Firmino dos. A literatura no ensino de História: 30 anos de pesquisas. In: VII SEPECH - Seminário de Pesquisa em Ciências Humanas, 2008, Londrina. Anais. Londrina: EDUEL, v. 1, 2008.

SEVCENKO, Nicolau. Literatura como missão: tensões sociais e criação cultural na Primeira República. São Paulo: Brasiliense, 2ª Ed, 2003.

15 comentários:

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  2. Olá cara comunicadora,felicitações pelo seu trabalho , a obra Os Miseráveis de Victor Hugo, durante sua trajetória acadêmica " foco da pesquisa desenvolvida na graduação foi o trabalho com uma adaptação literária voltada para o Ensino Fundamental, enquanto o foco da pesquisa do Mestrado vem sendo o trabalho com uma adaptação em quadrinhos, que será utilizada para o trabalho com turmas de Ensino Médio. adotada em história em quadrinhos " gostaria de saber como você desenvolveu ela no âmbito do fundamental, qual a série? Como os alunos desenvolveram a atividade e o que acharam dela ?,o contato foi no inicio da aula de história no assunto ou foi abordado com eles outros contextos e aspectos como as desigualdades sociais, pobrezas, e fluxo de migração? E quanto ao ensino médio a metodologia das historias em quadrinhos será confeccionado pelos próprios alunos ?,ou serão pontos abordados em que o professor vai selecionar , e o professor mesmo irá confeccionar a HQ e levar pronta para turma para discussão em sala ?, desde agradeço pelas respostas, parabéns pelo seu trabalho
    Atenciosamente,
    Eliandra Gleyce dos Passos Rodrigues

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    1. Boa tarde, Eliandra
      Obrigada por seu comentário.
      O trabalho com a adaptação no Ensino Fundamental não foi posto em prática por se tratar de um TCC, então o foco foi a discussão teórica. Em meu TCC, nós fizemos uma análise do livro e propusemos uma aula-oficina nos moldes de Isabel Barca, mas não tivemos a oportunidade de aplicar efetivamente com os alunos.
      Quanto ao trabalho no Ensino Médio com os quadrinhos, ainda estamos desenvolvendo a metodologia. O objetivo é desenvolver um trabalho voltado para as discussões do Novo Humanismo de Jörn Rüsen através também de aulas-oficina. Pretendemos discutir questões relacionadas à miséria e à pobreza e também propor a confecção de HQs pelos próprios alunos, mas ainda não temos a proposta desenvolvida por completo.
      Obrigada!
      Giovana Maria Carvalho Martins

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    2. Entendo. Muito bom mesmo,gostei 👍 sucesso pra você :)

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    3. Muito obrigada, sucesso pra você também! :D

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  3. Boa tarde Giovana Maria

    Sei texto é riquíssimo e aborda um assunto inesgotável para a construção do conhecimento em sala de aula, penso em se tratar de uma obra densa e consistente "Os Miseráveis " posso adotar um outro artigo literário que possa fazer mais sentido aos alunos , pois todo o processo da Revolução Francesa é extenso ou posso usar somente um recorte já que uns dos motivos da Revolução foi a fome e a miséria ? Ainda não tenho muita prática em sala de aula e sei que essa só vem mesmo com o tempo , você pode me sugerir algo como lidar com essa proposta dentro da sala de aula?

    Att,

    Vanessa Souza Santos

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    1. Olá Vanessa, boa noite
      Obrigada por seu comentário!
      Eu não cheguei a aplicar o trabalho em sala de aula, mas desenvolvi uma proposta de aula-oficina (de acordo com a prof. Isabel Barca... vou deixar a referência para você ao final). Eu usei recortes do livro na minha proposta de aula para trabalhar o aspecto da urbanização e da industrialização do século XIX, muito visíveis no livro, quando o autor fala pro exemplo das indústrias, das lâmpadas a gás da cidade, entre outros. Propus também o uso da obra para trabalhar com os alunos a ideia de fonte, ou as perguntas que devemos fazer à fonte para poder estudá-la, de acordo com Correia (2012): “Quem é o autor? Qual o seu público? A quem se destina a obra? Em que momento histórico foi criado? Qual a importância desta obra nos dias atuais?".
      Há diversas possibilidades, e tudo depende da turma com a qual você deseja trabalhar, dos recursos disponíveis, do tema a ser abordado... Mas Victor Hugo é uma fonte riquíssima, vale a pena utilizá-lo.
      Boa sorte!
      Att,
      Giovana Maria Carvalho Martins

      REFERÊNCIAS
      BARCA, Isabel. Aula Oficina: do Projeto à Avaliação. In. Para uma educação de qualidade: Atas da Quarta Jornada de Educação Histórica. Braga, Centro de Investigação em Educação (CIED)/ Instituto de Educação e Psicologia, Universidade do Minho, pp. 131-144, 2004.
      CORREIA, Janaína dos Santos. O uso da fonte literária no ensino de história: diálogo com o romance “Úrsula” (final do século XIX). Revista História & Ensino, Londrina, v. 18, n. 2, p. 179-201, jul./dez. 2012. Disponível em: .

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    2. Boa Tarde Giovana muitíssimo obrigada pelo retorno e por suas sugestões ,gosto muito de pensar na História usando obras literária.

      Att,

      Vanessa Souza Santos

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  4. Olá, muito bom o seu artigo!
    Você mencionou no seu texto que o uso deste tipo de fonte no ensino de História envolve uma série de desafios, além dos desafios dentro de sala de aula, você se deparou com algum problema, vindo de professores da sua graduação ou mestrado, na questão de acharem muito complicado querer trabalhar com essa temática?
    Att,
    Larissa Faesser

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    1. Olá Larissa, boa noite
      Agradeço a pergunta!
      Devo dizer que o ensino de história em si é um campo cheio de desafios. Quando resolvemos sair do lugar-comum, nos deparamos com diversas barreiras, especialmente em sala de aula.
      No meu caso, não encontrei problemas com os professores da graduação ou do mestrado. Pelo contrário, houve um grande incentivo com relação ao diferencial da proposta, de trabalhar com literatura (e agora, quadrinhos) em sala de aula. A pesquisa foi bastante incentivada.
      O que eu acho que ainda falta é suporte por parte do sistema de ensino em geral. Muitas escolas veem com maus olhos professores que "inventam moda", pois há a constante exigência do vestibular, de cumprir normas, etc. Os próprios alunos muitas vezes pensam que uma aula com filme, por exemplo, é "aula vaga". Estas dificuldades infelizmente ainda existem.
      Att,
      Giovana Maria Carvalho Martins

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  5. Bom dia, Giovana. Gostei muito do seu trabalho. Penso que esta obra literária clássica é fundamental para nos iluminar sobre a problemática do mundo contemporâneo. No âmago do capitalismo em crise as desigualdades estão cada vez mais concentradas e ampliadas e a luta entre o capital e o trabalho está cada vez mais vantajosa para o primeiro. Neste sentido,o que você poderia me dizer sobre essa situação, partindo da contribuição do que nos ensina a obra de Os Miseráveis?

    Áquilas Mendes

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    1. Olá, Áquilas, boa noite
      Obrigada por sua pergunta!
      Penso ser muito necessário abordar sobre os problemas sobretudo sociais que enfrentamos no cotidiano. Para mim, "Os Miseráveis" é uma obra atemporal pois, como afirmou o próprio Victor Hugo no prefácio do livro, publicado em 1862, "enquanto houver na terra ignorância e miséria, livros como este não serão inúteis".
      É por este motivo que o escopo da minha pesquisa continua sendo debater estas questões, mas agora, usando o recurso dos quadrinhos.
      Att.
      Giovana Maria Carvalho Martins

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  6. Boa noite.
    Gostaria primeiramente de elogiar o texto e a escolha dessa obra para trabalhar porque ela é fantástica por si só e os esforços de torná-la mais próxima dos jovens também é algo muito interessante.
    A minha questão é como você pretende mobilizar a aula-oficina?
    Porque nos comentários você citou que Rüsen (que propõe uma educação a partir de problemas do presente) é uma das bases do seu trabalho e no texto destacou, e creio que foi muito feliz nisso, a relação do Brasil com a miséria ainda hoje. Fiquei pensando se você partiria dessa problemática, miséria atual no Brasil, e aí desenrolaria as atividades e discussões ou se no decorrer da aula-oficina seria abordado essa relação.

    Fico agradecido, desde já, pela resposta. E mais uma vez parabéns pelo trabalho.

    Matheus Mendanha Cruz

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    1. Olá Matheus, boa noite
      Obrigada pelo seu comentário!
      A proposta de aula oficina que sugeri consistia em selecionar alguns trechos do livro (de uma versão adaptada, pois é inviável trabalhar com a versão completa em sala de aula) que retratassem a questão da miséria e do problemas sociais e fazer paralelos com as questões hoje, pensando nas permanências do século XIX até a atualidade.
      Atenciosamente,
      Giovana Maria Carvalho Martins

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  7. Olá, gostei muito do texto e da importância que atribui a literatura, que muito é desvalorizada e tachada como farsante por educadores mais conservadores. Como citado no texto a literatura pode servir para o professor como valência no ensino de historia, em especifico ao meu ver, na antropologia- como contextualização de pensamentos e costumes de cada época.
    Como questão, gostaria de saber se vê no auxilio da literatura uma forma de romper com os esteriótipos presentes nos livros didáticos usados em sala de aula, em especial na educação infantil?
    Laura Alves de Lima.

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