Edelson Geraldo Gonçalves

HISTÓRIA DO JAPÃO NA SALA DE AULA: UMA BREVE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Introdução
Com o cenário político-econômico das primeiras décadas do século XXI se tornou evidente a importância dos países asiáticos para o mundo globalizado, e por consequência a abordagem e compreensão de suas histórias no campo educacional, em mais um passo para superar o conhecimento meramente eurocêntrico da História.

No ensino fundamental e médio, tal demanda já vem sendo contemplada em planos curriculares e livros didáticos, embora inicialmente de maneira vaga e superficial.

Um exemplo disso são as coleções de livros didáticos História: Sociedade e Cidadania (ensino fundamental) e História em Movimento(ensino médio), além do Currículo Básico da Escola Estadual do Espírito Santo.

Tendo em vista tais constatações, a presente comunicação se propõe a apontar recomendações bibliográficas para a abordagem de uma cultura asiática específica nas salas de aula do ensino fundamental e médio: a japonesa. Nos limites do espaço disponível para essa comunicação isso será feito através de uma breve revisão bibliográfica de livros disponíveis em língua portuguesa, produzidos por profissionais capacitados e por vezes especializados no estudo da cultura japonesa.

Os textos abordados serão divididos em 5 categorias, seguindo a seguinte divisão: 1) textos gerais sobre a história e cultura do Japão 2) textos sobre o longo período que vai do medievo japonês até o período moderno que chamaremos sinteticamente de “Era dos Samurais” 3) textos sobre o período da entrada efetiva do Japão no cenário político-econômico mundial, ou seja, a Restauração Meiji 4) textos sobre a participação do Japão na Segunda Guerra Mundial 5) textos sobre o “Milagre Japonês” no período pós-guerra.

Essa divisão depois de primeiramente apontar textos gerais sobre a história e cultura japonesa, se guia pela forma como momentos da história do Japão aparecem em livros didáticos (em Azevedo e Seriacopi [2013a, 2013b] por exemplo), primeiro individualmente com uma breve abordagem da “Era dos Samurais”, e depois inseridos nos processos do imperialismo do fim do século XIX e início do XX (Restauração Meiji) a participação na Segunda Guerra Mundial (Guerra do Pacífico) e a reconstrução do período pós-guerra (Milagre Japonês).

Dada a ainda notória deficiência dos brasileiros graduados em história no campo da história oriental, em função da escassez de disciplinas desse campo em nossos cursos de graduação, com essa revisão bibliográfica esperamos dar uma contribuição útil aos professores que buscam maiores informações sobre as culturas asiáticas (ou mais especificamente a japonesa) para seu estudo nas salas de aula do ensino fundamental e médio, enriquecendo as aulas além das informações fornecidas pelos livros didáticos.

Entendidos esses pontos, passaremos agora à abordagem dos textos dessa revisão bibliográfica.

Textos Gerais sobre a História e Cultura do Japão
Neste tópico trataremos de textos gerais sobre a história e aspectos culturais do Japão, que ajudam o leitor a entender tanto os fatos essenciais da história desse país, quanto os códigos culturais (do ponto de vista antropológico) que guiam os japoneses em sua trajetória histórica.

No campo dos textos sobre a cultura japonesa uma leitura essencial é o clássico estudo antropológico da norte-americana Ruth Benedict, O Crisântemo e a Espada, publicado originalmente em 1946. Esse livro aborda a cultura japonesa em comparação com o Ocidente (principalmente os EUA) através da dicotomia entre culturas da vergonha (das quais o Japão é o grande exemplo) e culturas da culpa (predominantes no Ocidente) para explicar assim o contraste entre o coletivismo japonês e o individualismo ocidental.

Outra abordagem cultural é feita pelo jornalista brasileiro Benedicto Ferri de Barros, no livro Japão: A Harmonia dos Contrários, estuda a cultura japonesa através da percepção do equilíbrio entre a tradição e a modernidade, que marcariam o Japão desde a Restauração Meiji, seguindo aliás uma interpretação muito comum entre os japonólogos da segunda metade do século XIX e da primeira metade do século XX.

Outro texto desse mesmo campo é de autoria do sociólogo e antropólogo Renato Ortiz, intitulado O Próximo e o Distante: Japão e Modernidade Mundo, no qual interpreta a cultura japonesa de uma forma diferente da que faz Barros. Sua abordagem da cultura japonesa não se concentra em um suposto singular equilíbrio entre tradição e modernidade nessa cultura, e sim na forma como o Japão se adaptou ao moderno mundo globalizado, tornando-se uma parte integral da “modernidade-mundo”.

Após citar esses três autores devemos ainda mencionar dois livros que fazem uma ótima combinação de conteúdo histórico e informações culturais, esses livros são Os Japoneses de Célia Sakurai e O Japão: Dicionário e Civilização de Louis Frédéric. O primeiro em suas quase 400 páginas dedica dois terços de seu conteúdo à história geral do Japão, e o terço final a aspectos culturais (imigração, língua, família, cultura popular, etc.). Por sua vez a monumental obra de Frédéric, como o próprio título indica é um dicionário da civilização japonesa, com verbetes sobre história, personalidades, aspectos culturais, políticos e econômicos, entre outros.

No campo das histórias gerais do Japão citaremos primeiro o livro Japão: Passado e Presente, do jornalista José Yamashiro, uma narrativa brasileira da história do Japão desde seus primórdios até a década de 1970, publicado em uma época (1977) em que a bibliografia em língua portuguesa sobre a história do Oriente era ainda mais escassa que na atualidade.

Nesse mesmo campo outra obra de relevância em nosso idioma são os dois belos volumes do livro Japão: O Império do Sol Nascente, de autoria do renomado historiador especialista em Japão, Marius Jansen, em parceria com Matin Collcutt e Isao Kumakura, volumes estes que se dividem na análise da história japonesa antiga e medieval em seu primeiro volume, e a moderna e contemporânea (até a década de 1980) no segundo.

Um livro mais recente e disponível em língua portuguesa que também deve ser mencionado é História do Japão, de Kenneth Henshall, publicado originalmente em 2004 e que nos traz uma narrativa e análise da história japonesa alentada pelos resultados de recentes pesquisas do campo da japonologia (diferente dos livros de Yamashiro e Jansen algumas décadas mais antigos).

Por fim nesse campo um livro que merece especial menção é A Morte Voluntária no Japão, de Maurice Pinguet. Essa obra trata da cultura de suicídio no Japão, contudo utiliza-a mais especificamente como um eixo temático de uma abordagem abrangente da história do Japão, de seus primórdios até a década de 1970, com o episódio do suicídio do romancista Yukio Mishima.

O Japão dos Samurais
Neste tópico trataremos de textos que estudam o que podemos chamar de forma abrangente de Japão dos Samurais, um período que vai do final do governo imperial, e que atravessa a longa sucessão de xogunatos (ou shogunatos) que vão do século XII ao século XIX, terminando com a Restauração Meiji.

Dois livros essenciais sobre os samurais disponíveis em português são Samurai: O Lendário Mundo dos Guerreiros e Enciclopédia dos Samurais, ambos de autoria do historiador Stephen Turnbull, especialista na história dos samurais. Os livros trazem uma abordagem abrangente de toda a história samurai, assim como análises de aspectos culturais importantes (principalmente no segundo livro) desse estamento social que governou o Japão por vários séculos.

Nesse campo também temos alguns textos brasileiros interessantes, como o livro Armaduras Japonesas: Cultura e História do Japão, de autoria de Mario Del Rey e as obras História dos Samurais, e Choque Luso no Japão dos Séculos XVI e XVII, ambos do aqui já mencionado José Yamashiro. O primeiro livro apesar de seu título, é na verdade um estudo abrangente sobre os samurais, analisando sua história, seu armamento (e não apenas as armaduras, embora principalmente essas) e várias aspectos sociais e culturais ligados a este importante estamento social da história japonesa. Entre as obras de Yamashiro, o primeiro livro que citamos nesse parágrafo é uma história abrangente dos samurais, indo de seus primórdios para além de sua queda, analisando em seus capítulos finais (VI e Apêndice) as influências da cultura samurai sobre a sociedade japonesa do século XX. O segundo livro por sua vez dedica-se ao interessante choque entre as culturas japonesa e portuguesa nos séculos XVI e XVII, com especial atenção há como os soberanos políticos (samurais) do Japão lidaram com esse encontro cultural. 

Também há disponíveis em língua portuguesa fontes escritas sobre o pensamento samurai, mas especificamente o Gorin no Sho, de Miyamoto Musashi, o Hagakure de Yamamoto Tsunetomo, A Espada que dá Vida de Munenori Yagyu, Bushido: O Código do Samurai, de Daidoji Yuzan, e Bushido: Alma de Samurai de Inazo Nitobe.

Estes livros, escritos por samurais dos séculos XVII, XVIII e por um intelectual de ascendência samurai do século XIX discorrem sobre o ethos samurai e aspectos marciais, tendo servido de grande inspiração para o desenvolvimento da tradição inventada do Bushido (código de honra dos samurais) no século XX, sobretudo o último livro citado, de autoria de Nitobe, que lançou as bases do Bushido como é hoje conhecido (o título do livro de Yuzan aquicitado é meramente da edição brasileira, seu título original é Budo Shoshin-Shu, que pode ser traduzido como “Introdução ao Caminho dos Guerreiros” [Frédéric, 2008, p. 138]). 

O Japão Moderno
Neste tópico faremos menção a textos específicos sobre a história japonesa que vão do século XIX (Restauração Meiji), passando pela Segunda Guerra Mundial, até o Milagre Japonês no período pós-guerra.

Além de valiosos capítulos sobre a Restauração Meiji (o retorno do Imperador ao poder após séculos de xogunato) nas obras que mencionamos anteriormente (tanto gerais quanto sobre samurais), há ainda um bom livro sobre esse tema específico em língua portuguesa, trata-se do livro Revolução Samurai, de autoria do diplomata Luiz Paulo Lindenberg Sette, sendo esta uma obra que trata da Restauração Meiji com um foco político, comentando sobre seus antecedentes e suas consequências posteriores (sobretudo a Rebelião de Satsuma de 1877).

Outro livro sobre a mesma época é de autoria da historiadora Celina Kuniyoshi, intitulado Imagens do Japão: Uma Utopia de Viajantes. Esse livro concentra-se no olhar estrangeiro (incluindo o brasileiro) sobre o recém-aberto Japão da segunda metade do século XIX e primeira metade do século XX, dando ênfase ao impacto cultural do Japão sobre o Ocidente, em especial as manifestações artísticas que se desenvolveram tendo o Japão como tema (japonismo).

O terceiro livro que aqui citaremos sobre o Período Meiji é na verdade uma valiosa fonte sobre a sociedade japonesa do final do século XIX, de autoria do diplomata brasileiro Oliveira Lima, intitulado No Japão: Impressões da Terra e da Gente, um livro em que Oliveira Lima expõe sua análise pessoal da sociedade japonesa que viu no período que lá esteve no final do século XIX, uma análise apoiada não apenas em seus testemunhos, como também em alguns dos melhores textos disponibilizados pela japonologia da época.

Em seguida abordaremos textos sobre a participação japonesa na Segunda Guerra Mundial, mencionando aqui não apenas livros específicos, como também valiosos capítulos sobre temas ligados a esse período, contidos em livros de temas mais abrangentes.

Em primeiro lugar devemos citar o quinto capítulo do livro As Origens sociais da Ditadura e da Democracia do sociólogo Barrington Moore Jr, intitulado Fascismo Asiático: O Japão, que como indica é uma abordagem do sistema político do Japão vigente nas décadas de 1930 e 1940 que se aliou Alemanha Nazista e a Itália Fascista na Segunda Guerra Mundial. O diferencial desse texto é sua definição do fascismo japonês como um fascismo vindo de cima, ao contrário dos modelos italiano e alemão, que teriam emanado das bases da sociedade [Moore Jr, 1975].

Por sua vez o livro Dez Decisões que Mudaram o Mundo: 1940-1941 do historiador Ian Kershaw em seus capítulos que analisam momentos centrais do segundo conflito mundial traz dois específicos sobre a participação japonesa, o terceiro capítulo intitulado Tóquio, verão-outono de 1940: O Japão decide agarrar a “Oportunidade de Ouro”, e o oitavo capítulo com o título, Tóquio, outono de 1941: O Japão decide entrar na guerra. Nesses capítulos o autor analisa as razões que levaram o Japão a intensificar sua escalada imperialista na década de 1930, iniciando uma guerra com a China, até sua definitiva entrada na Segunda Guerra Mundial, atacando os EUA.

Há também disponível uma biografia do Imperador Hirohito, que esteve no trono japonês durante a maior parte do século XX (1926-1989), tendo sido uma figura central no cenário político japonês durante o segundo conflito mundial. Essa biografia intitulada Hiroíto: Por Trás da Lenda, de autoria do jornalista Edward Behr, traz uma abrangente narrativa sobre a vida do Imperador, tendo destaque os capítulos sobre suas atividades durante a guerra.

Por fim citaremos dois livros sobre os eventos históricos mais lembrados quando se fala da participação japonesa na Segunda Guerra Mundial, os ataques atômicos às cidades de Hiroshima e Nagasaki. Estes livros são Hiroshima 45: O Grande Golpe, escrito pelo físico Biolchini Caulliraux, e O Último Trem de Hiroshima, de autoria do escritor Charles Pellegrino. O primeiro livro é um estudo baseado em fontes secundárias, que tem como foco mais que os ataques ao Japão, a própria história da tecnologia atômica, culminando com os bombardeios às cidades japonesas. Por outro lado, o livro de Pellegrino é amplamente baseado em fontes documentais escritas, arqueológicas e relatos orais. Apesar de ambos os livros se referirem apenas à Hiroshima em seus títulos, abordam os dois bombardeios nucleares. 

Por fim, sobre o milagre econômico japonês do pós-guerra muitos livros foram escritos, sobretudo entre as décadas de 1960 e 1980, sendo aliás legítimas fontes para a compreensão de como a ascensão econômica japonesa era encarada na época.

Sobre esse tópico, citaremos dois livros escritos na década de 1980, e que levavam em consideração a economia japonesa já após a crise econômica de 1973, não tendo muito da euforia das obras das décadas anteriores, fazendo uma análise mais ampla do fenômeno. Esses dois livros são: O Banzai da Economia Japonesa, de autoria do jornalista Jean-Claude Courdy e Japão: A Outra Face do Milagre, de autoria do também jornalista Kamata Satoshi.

O livro de Courdy faz uma análise das características que permitiram ao Japão se recuperar após as destruições da guerra, considerando não apenas fatores do pós-guerra, como também antecedentes que vinham desde a Era Meiji, e que deram base à rápida recuperação econômica do país. Esse livro também leva em consideração a forma como a economia japonesa reagiu a crise de 1973, característica que também é importante no livro de Satoshi, que por sua vez tem como foco o “lado sombrio” do Milagre Japonês, analisando-o do ponto de vista da classe operária, e abordando toda a exploração e coerção envolvidos nesse processo.

Terminamos aqui esta breve revisão bibliográfica de obras instrutivas e de razoável acessibilidade sobre a história do Japão, esperando que seja de válida contribuição para o enriquecimento dos conhecimentos dos professores de história e de suas aulas.

Referências
Edelson Geraldo Gonçalves é doutor em História Social das Relações Políticas pela UFES.
Mail: edelsongeraldo@yahoo.com.br

AZEVEDO, Gislane; SERIACOPI, Reinaldo. História em Movimento 1: Dos Primeiros Humanos ao Estado Moderno. São Paulo: Editora Ática, 2013a.

AZEVEDO, Gislane; SERIACOPI, Reinaldo. História em Movimento 3: Dos Primeiros Humanos ao Estado Moderno. São Paulo: Editora Ática, 2013b.

BARROS, Benedicto Ferri de. Japão: A Harmonia dos Contrários. São Paulo: T.A Queiroz Editor, 1988.

BEHR, Edward. Hiroíto: Por Trás da Lenda. São Paulo: Globo, 1989.

BENEDICT, Ruth. O Crisântemo e a Espada. São Paulo: Perspectiva, 2014.
Boulos Júnior, Alfredo. História: Sociedade e Cidadania. São Paulo: FTD, 2012.

CAULLIRAUX, Heitor Biolchini. Hiroshima 45: O Grande Golpe. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2005.

COLLCUTT, Martin; JANSEN, Marius; KUMAKURA, Isao. Japão: O Império do Sol Nascente. Lisboa: Edições del Prado, 1997.

COURDY, Jean-Claude. O Banzai da Economia Japonesa. Rio de Janeiro: Record, 1982.

DEL REY, Mario. Armaduras Japonesas: Cultura e História do Japão. São Paulo: Madras, 2008.

FRÉDÉRIC, Louis. O Japão: Dicionário e Civilização. São Paulo: Globo, 2008.

HENSHALL, Kenneth. História do Japão. Lisboa: Edições 70, 2008.

KERSHAW, Ian. Dez Decisões que Mudaram o Mundo: 1940-1941. São Paulo: Cia das Letras, 2008.

KUNIYOSHI, Celina. Imagens do Japão: Uma Utopia de Viajantes. São Paulo: Estação Liberdade, 1998.

LIMA, Oliveira. No Japão: Impressões da Terra e da Gente. Rio de Janeiro: Topbooks NEC do Brasil, 1997.

MOORE JR, Barrington. As Origens Sociais da Ditadura e da Democracia: Senhores e Camponeses na Construção do Mundo Moderno. Lisboa: Martins Fontes, 1975.

MUSASHI, Miyamoto. Gorin no Sho: O Livro dos Cinco Elementos. São Paulo: Cultura Editores Associados, 1985.

NITOBE, Inazo. Bushido: Alma de Samurai. São Paulo: Tayu, 2005.

ORTIZ, Renato. O Próximo e o Distante: Japão e Modernidade-Mundo. São Paulo: Editora Brasiliense, 2000.

PELLEGRINO, Charles. O Último Trem de Hiroshima. São Paulo: Leya, 2010.

PINGUET, Maurice. A Morte Voluntária no Japão. Rio de Janeiro: Rocco, 1987.

SAKURAI, Célia. Os Japoneses. São Paulo: Contexto, 2008.

SATOSHI, Kamata. Japão: A Outra Face do Milage. São Paulo: Editora Brasiliense, 1985.

SEDU. Currículo Básico Escola Estadual: Ensino Fundamental, Anos Finais, Volume 3 – Área de Ciências Humanas. in http://sedu.es.gov.br/curriculo-base-da-rede-estadual

SETTE, Luiz Paulo Lindenberg. A Revolução Samurai. São Paulo: Massao Ohno Editor, 1991.

TURNBULL, Stephen. Samurai: O Lendário Mundo dos Guerreiros. São Paulo: MBooks do Brasil, 2006.

TURNBULL, Stephen. Enciclopédia dos Samurais. São Paulo: JBC, 2006.

TSUNETOMO, Yamamoto: Hagakure: O Livro do Samurai. São Paulo: Conrad, 2004.

YAGYU, Munenori. A Espada que dá Vida: Ensinamentos Secretos da Casa do Shogun. São Paulo: Cultrix, 2013.

YAMASHIRO, José. Japão: Passado e Presente. São Paulo: Editora Hucitec, 1978.

YAMASHIRO, José. História dos Samurais. São Paulo: Masao Ohno – Roswitha Kempf Editores, 1982.

YAMASHIRO, José. Choque Luso no Japão dos Séculos XVI e XVII. São Paulo: IBRASA, 1989.


10 comentários:

  1. Bom dia Edelson Gonçalves, o tema do seu artigo me chamou muita atenção, pois vivenciamos no âmbito acadêmico uma tímida reflexão em estudar sobre a história asiática. Suas indicações me possibilitará crescimento e enriquecimento sobre o tema.
    Ao meu ver suas indicações de leituras demostra ser um especialista na área, pergunto: Como entender o desinteresse sobre o ensino asiático, mesmo quando elencado em poucas páginas do livro didático, haja vista que a cultura eurocêntrica persiste em dominar os livros didáticos brasileiros? Quais seriam as possibilidades para mudarmos essa realidade, além das leituras elencadas?

    Marcelo de Oliveira Feitosa.

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    1. Olá Marcelo. Fico feliz que tenha se interessado pelo meu texto.

      Respondendo a sua pergunta, creio as razões da persistência atual do eurocentrismo nos livros didáticos são duas: primeiramente uma longa tradição de historiografia eurocêntrica, que a pouco mais de uma década começou a ser enfrentada no campo do estudo da história da África, mas que aparentemente apenas agora começa a ganhar estudos no campo da história asiática. A outra razão é a lentidão costumeira com que as mudanças no conteúdo didático são absorvidas, mesmo que haja real vontade de fazer tais mudanças. Um exemplo disso são os processos de transição de uma história narrativa, nacionalista e centrada em heróis que tivemos até o período militar, a transição para materiais voltados para o materialismo histórico a partir de meados dos anos 80 e a atual tendência a abordagem da nova história, sendo que essas transições não foram estanques, restando características dos métodos anteriores nos novos (um bom livro que trata sobre esse tema é:"História & Ensino de História", de Thais Nivia de Lima e Fonseca). Sobre o que fazer para que a história deixe de ser tão eurocêntrica nos livros didáticos, creio que a iniciativa já foi tomada por algumas editoras, reorganizando o conteúdo dos livros didáticos para acomodar a história destas culturas que se mostram tão presentes em nosso mundo globalizado.

      Edelson Geraldo Gonçalves

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  2. Bom dia, Edelson. Gostaria de parabenizá-lo por ter trazido para nós tão importante temática. Ministrei História Medieval Oriental na UFCG e inseri, não sem dificuldades, o Japão Medieval e também China Medieval. A sua bibliografia, certamente, servirá para muitos alunos e estudiosos que se interessam não somente pelo Japão, mas pela História da Ásia também. Entre os textos que trabalhei nessa disciplina estavam Os Japoneses de Célia Sakurai e também um livro das edições Grandes Civilizações do Passado "A terra dos samurais e dos xóguns". Eu considerei esse último uma excelente oportunidade para meus alunos (embora, haja problemas de tradução) compreenderem parte do Japão Medieval e também moderno, uma vez que também trabalha com a influência dos jesuítas sobre o Japão, o Teatro Nô, o Bushido e também sobre o zen-budismo, etc. Gostaria de perguntá-lo se nessa sua revisão bibliográfica você encontrou tópicos (além dos livros já citados por você sobre os samurais) mais específicos sobre Religião no Japão e também sobre o Teatro Nô, que possam contribuir com a expansão das temáticas culturais dentro de sala de aula.

    Atenciosamente,

    Rodrigo Henrique Araújo da Costa

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    1. Olá Rodrigo. Fico agradecido por seu comentário.

      Respondendo a sua pergunta eu gostaria de fazer mais recomendações bibliográficas. No que se refere a textos sobre a religião japonesa disponíveis em português eu poderia recomendar os livros "Xintoísmo" de Edmond Rochedieu, "A Religião dos Samurais" (sobre Zen Budismo) de Kaiten Nukariya além de várias obras disponíveis de dois notórios teólogos budistas japoneses, Daisetz Suzuki e Daisaku Ikeda (deste autor eu destacaria o longo diálogo que teve com o historiador Arnold Toynbee, registrado no livro "Escolha a Vida"). Também recomendo o capítulo sobre religião japonesa no livro "As Máscaras de Deus" Vol II de Joseph Campbell e os verbetes sobre xintoísmo, budismo e confucionismo no "Dicionário das Religiões" de Mircea Eliade. Sobre o Teatro Nô o único livro específico que conheço em português é "O que é Teatro Nô" de Darci Kusano.

      Espero ter ajudado.

      Edelson Geraldo Gonçalves

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  3. Bom dia Edelson. Parabéns pelo seu trabalho! Ano passado participei do Simpósio Eletrônico Internacional de História Oriental com um texto que analisava o conteúdo sobre História Antiga do Japão em 6 volumes de livros didáticos. Seu trabalho irá contribuir muito para novas abordagens. Minha pergunta parte das inúmeras perguntas que tive em meu texto: Como conciliar tempo e conteúdo para o ensino de História Oriental pois sabemos que hoje o ensino de história é vago e superficial? Como o docente pode contribuir com novos recursos além dos livros didáticos para melhorar o ensino?
    Sander Fernando de Paula

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  4. Olá Sander. Obrigado pelo comentário.

    Respondendo as suas perguntas, creio que as únicas formas de trabalharmos a História Oriental em sala de aula é nos espaços fornecidos pelos próprios programas (quando fornecem) ou por meio de abordagens comparativas (introduzindo assim temas orientais) dentro dos eixos temáticos já existentes. Quanto a questão de se ir além do livro didático, acredito que as melhores formas são a elaboração de material didático por parte dos próprios professores, e o uso de recursos audiovisuais e de informática quando disponíveis.

    Att.

    Edelson Geraldo Gonçalves

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  5. Saudações.

    Ótimo tema, parabéns com louvor. Obrigado pelas dicas de leitura. Aqui no Paraná há muitos descendentes de japoneses, e trabalhar com a história do País natal me parece bem apropriada para a integração e formação. Sabe se existe algum projeto de inclusão da matéria como parte da disciplina de história, ou algo parecido?

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    1. Obrigado pelo comentário Luiz. Sobre sua pergunta, que eu saiba não existe qualquer iniciativa centralizada para se incluir a História Oriental nos currículos de História, mas crio que isso pode ser sanado por iniciativas locais. Por exemplo, na universidade em que estudei (UFES) a disciplina "História do Japão" faz parte da grade desde a década de 1970, se não estou enganado, por iniciativa de um professor. E a disciplina "História da Ásia" foi incluída a poucos anos por demanda dos alunos.

      Att

      Edelson Geraldo Gonçalves

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  6. Obrigado pelas recomendações Edelson!

    A História do Japão é bem atrativa para os alunos por ser um "mundo" não muito explorado pelos conteúdos das escolas do ensino fundamental e médio. Como é mostrado no seu artigo, há uma pequena iniciativa de trazer essa realidade japonesa em alguns materiais didáticos, mas ainda precisa de uma ampliação das referências bibliográficas do material e do próprio professor para dar conta dessa complexidade. Não se limitando apenas nos grandes eventos mundiais que envolveram o Japão (no caso da Segunda Guerra Mundial), ou no imaginário da terra dos Samurais. Uma questão que quero levantar é o que está presente no livro da Célia Sakurai, que é a respeito dos brasileiros descendentes de japoneses.

    Como estamos lidando com o estudo do Japão nas salas de aula do Brasil, não seria interessante trazer os estudos do povo japonês que migrou para o Brasil, influenciando e vivendo a cultura brasileira, deixando descendentes que voltaram para a terra dos antepassados em busca de trabalho no ano de 1985 e adiante (conhecido como Movimento decasségui)? Seria uma abordagem que levantaria questões culturais, políticas e econômicas do Brasil e do Japão, trazendo a possibilidade de uma reflexão rica para os alunos.

    Caso tenha uma bibliografia sobre esse tema, gostaria que compartilha-se para que mais professores e historiadores possa ter conhecimento desse assunto.

    Abraço,
    Ygor Yuji Utida Porto.

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    1. Obrigado pelo comentário Ygor. Quanto a recomendações sobre a imigração japonesa no Brasil eu poderia citar um livro da própria Célia Sakurai, mais profundo que seu capítulo sobre imigração em "Os Japoneses" esse livro é o "Romanceiro da Imigração Japonesa". E fora da bibliografia ensaística, eu também gostaria de recomendar um romance e um filme sobre o tema (ambos potencialmente úteis para uso em sala de aula). O romance é "Nihonjin" de Oscar Nakasato, sendo um texto inspirado nas experiências do avô do autor, além de ser um livro premiado (Prêmio Jabuti 2012). Uma leitura muito válida. O filme por sua vez é "Gaijin - Caminhos da Liberdade" (1980) dirigido por Tizuka Yamasaki e que aborda a chegada de algumas famílias de imigrantes japoneses aos cafezais paulistas no início do século XX. Um filme que por seu contexto geral é útil para trabalhar não apenas a imigração japonesa, mas a imigração no Brasil como um todo e os aspectos específicos da economia cafeeira na virada do século XIX para o XX.

      Espero ter ajudado.

      Att.

      Edelson Geraldo Gonçalves.

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