Bruno César Pereira

A “GUERRA DO PARAGUAI”:  O ENSINO A FAVOR DE UM MOMENTO

Introdução
Ao longo dos séculos XIX e XX, e já entrando ao século XXI, contemplamos inúmeros trabalhos, sejam livros, artigos, ensaios, dissertações ou teses que em seu âmago destacam a Guerra do Paraguai. A partir de tais estudos, observamos as mais variadas problemáticas acerca de tal guerra, sejam aquelas que destacam as questões políticas, econômicas, sociais, ideológicas, etc.

Compreendemos que, as produções historiográficas e de outros intelectuais a respeito da Guerra do Paraguai, estiveram diretamente ligadas ao tempo histórico de seus autores. Em outras palavras, tais produções, ao longo do final do XIX, aos tempos atuais, propenderam conforme o contexto seja ele político ou social, de suas publicações. No caso das obras historiográficas, destacamos ainda, que os autores voltaram seus olhares e definiram suas abordagens, a partir também das correntes  historiográficas as quais seguiam. Em síntese, tais autores – em especial aqui se tratando de historiadores – além da influência, social/política, realizam seus estudos para a Guerra, a partir de uma série de conceitos, ou noções; enfatizando seja a política, economia, assim como, as questões no tocante da sociedade, etc.

As narrativas acerca da Guerra do Paraguai, variaram seus enfoques, inicialmente observamos narrativas voltadas diretamente a uma certa ideologia nacionalista do Império, ou seja, as abordagens sobre tal tema ao longo da guerra bem como no pós-guerra, tiveram seus discursos, de intelectuais do momento, bem como através das pinturas, como dos clássicos autores Pedro Américo e Victor Meireles, que foram os principais nomes da Academia Imperial de Belas Artes (AIBA), entre suas pinturas destacam os confrontos da guerra como:  A Batalha do Avaí, de Américo; e Combate Naval do Riachuelo de Meirelles (PEREIRA, GILLIES, 2017)

Tais obras são atualmente classificadas com o gênero de pinturas históricas, tal gênero cristaliza no imaginário social alguns dos principias fatos históricos, políticos, da nação brasileira. Como bem observa Isis Pimentel de Castro (2015), estas pinturas do gênero histórico, cristalizaram no imaginário social, através de sua reprodução –  seja em livros, novelas, matérias didáticos, filmes, etc. – ganhando um status privilegiado de ‘representar’ uma memória coletiva nacional.

Todavia estas abordagens, a respeito da guerra, tomariam discursos diferentes ao longo do início da República, onde pode ser observado uma disputa intelectual acerca deste fato histórico. Estas variações de como abordar a Guerra do Paraguai, iriam continuar ao longo de todo século XX.

Segundo André Mendes Salles (2015), poderíamos compreender que entre as visões brasileiras a respeito da Guerra do Paraguai, propõem quatro, as quais sejam:

“[...] a versão que se deu logo após a guerra, versão está propagada pelo exército brasileiro [...]; a historiografia propagada pelos positivistas ortodoxos; o revisionismo das décadas de 1960/70/80, [...]; e a corrente interpretativa chamada por alguns estudiosos de neo-revisionismo [...]” (SALLES, 2015, p. 29).

O presente trabalho buscará realizar uma breve análise a respeito da Guerra do Paraguai, destacando as principais características das correntes intelectuais e historiográficas a cerca desta guerra – em especial dando enfoque as duas primeiras correntes – observando que cada uma destas corresponde ao seu tempo histórico, as suas preocupações com tal tema; em síntese destacando fatos e construindo discursos e representações do que foi tal acontecimento, que sem dúvida, marca a história brasileira. Assim buscaremos analisar as ‘guerras do Paraguai’, onde a forma abordada, analisada, questionada, assim como problematizada – ou não – variaram, seja logo após a guerra, como em na primeira metade do século XX.

Em suma ao falarmos de tal acontecimento histórico, devemos compreender como ele é representado de acordo com cada narrador. No entanto não seria errado compreendermos que a própria proposta de como conceber este acontecimento, ou seja, como a Guerra do Paraguai possui sua conotação específica. Uma guerra cometida pelo Paraguai, pelas suas atitudes, pelas suas ambições. Esta visão um tanto quanto ideológica, se constrói logo no pós guerra,  e permeia até os tempos atuais.

Ao nos propormos analisar este acontecimento, buscaremos evidenciar os discursos construídos por traz de tal fato, onde os autores, sejam intelectuais ou historiadores se voltam a este acontecimento e destacam diferentes personagens. Os intelectuais do pós-guerra no início da república brasileira, destacam os generais, comandantes, em suma, os oficias brasileiros envolvidos no confronto. Esta visão se cristaliza por meio dos livros didáticos da primeira metade do novecentos, em especial as obras produzidas pelo Colégio D. Pedro segundo, que de uma forma geral alimentou o mercado didático brasileiro por mais de meio século.

Esta cristalização da guerra, e de alguns pontos fulcrais, como quem a causou e quem a influenciou, delimitam e permeiam o imaginário a cerca deste acontecimento até os dias atuais. Observar que está representação é parte do imaginário coletivo brasileiro, devemos destacar a influência do Ensino de História, em especial o ensino do pós-guerra e da primeira metade dos novecentos.

O pós-guerra: As narrativas a serviço do Império
Ao longo de pouco mais de 150 anos, chegava ao fim um dos episódios mais marcantes da história da América Latina, a Grande Guerra, ou Guerra do Paraguai, como é mais conhecida popularmente no Brasil. Em um século e meio inúmeras foram as publicações, sobre várias perspectivas que debruçavam seu olhar a cerca de tal guerra.

As primeiras produções a cerca deste fato histórico, já apareceriam no pós-guerra, em especial estas publicações eram narrativas memorialistas de generais e intelectuais do império, uma característica acerca de tais produções, que saltam aos olhos é que elas estavam diretamente ligadas as ideologias nacionalistas do Império, em especial este momento como bem propõem Fernando Doratioto

“[...] a Guerra do Paraguai representou o apogeu do poder do Estado Monárquico. Demonstra-o a capacidade de organizar um exército moderno, em lugar da pequena força mal armada de 16.000 homens existentes em 1864, e uma nova Marinha, capacitada a combater em ambiente fluvial. Apesar da oposição interna à guerra e das pressões externas contrárias ao lado  aliado, o Estado Monárquico sobrepujou-as e  conseguiu sustentar  a guerra  em teatro de operações longe do território brasileiro, quer dizer, distante de bases logísticas seguras, e  em ambiente humano e geográfico hostil.” (DORATIOTO, 2008, p. 3).

De fato, a guerra não contribuiu apenas para o fortalecimento monárquico, mas também a ascensão de uma nova classe no meio social brasileiro, uma classe aparte, os militares. Mas é claro que não fora todos os militares que ganharam o prestigio da guerra, mas sim o Estado Maior do exército (generais, comandantes, capitães, etc).

As narrativas acerca da guerra neste período, como bem observa Salles, estiveram voltadas a exaltação de confrontos e construção de heróis; em suma, estas narrativas como propõem o autor possuem características como:  memorialísticas e patrióticas, de soldados e outros profissionais, como jornalistas e pintores - como é o caso das obras ditas históricas, como as de Victor Meireles, que foram encomendadas pelo governo Imperial –  aos quais vivenciaram o confronto (SALLES, 2015, p. 30).

Entre as principais características destas narrativas a respeito do confronto, podemos observar que tais autores deste momento, se preocuparam em legitimar os porquês do conflito.

Segundo André Mendes Salles.

“Nessas narrativas prevaleceu, via de regra, uma interpretação que apontava para o governo paraguaio como o causador da guerra, o responsável pelo conflito, pois, segundo esta visão, foi esse governo que invadiu/agrediu o Império do Brasil. Essa forma hegemônica de interpretação, que ganhou espaço no final do período imperial e perdurou por boa parte do período republicano, tendia a personificar a guerra na figura do presidente do Paraguai, Francisco Solano López” (SALLES, 2015, p.30-31)

Seguindo ainda a perspectiva deste autor, estas narrativas a respeito da guerra viram seus holofotes a um sujeito, ou seja, ao “ditador paraguaio” ignorando a população paraguaia, ou qualquer outro sujeito histórico, participante deste confronte (SALLES, 2015, p. 31). A visão sobre a guerra transmitida por estas narrativas, transmite uma compreensão de civilização, representada na figura do império brasileiro, em contraponto a de barbárie, transmitida pelo forma como López conduzia a nação paraguaia. Se justifica o confronto a partir da compreensão de ‘livrar os paraguaios do sanguinário ditador’.

Entretanto as narrativas publicadas ao longo deste período, em sua maioria estavam diretamente ligadas as ideologias nacionalistas do período. Um dos grandes veículos de difusão, ou melhor da legitimação da guerra e de sua importância, atentando para as questões que se voltavam a dualidade da civilização versus barbárie, destacamos o papel da imprensa. (ARIAS NETO, 2016, p. 251-273).
O historiador José Miguel Arias Neto (2015/2016), entre suas principias pesquisas da destaque ao papel da imprensa brasileira ao longo dos anos que se seguiram a guerra do Paraguai, o historiador a  observa nos escritos deste período como um “soldado” do exército brasileiro, devido a sua grandes contribuição na busca de legitimação da guerra.

A exemplo, Gabriel Ignácio Garcia e Edméia Ribeiro (2016), ao analisarem o periódico Paraguay Illustrado, que continha textos e caricaturas acerca da guerra e circulou ao longo de alguns meses na capital do Império  no ano de 1765. Segundo os autores, tal documento continha de forma explicita um forte

“[...] engajamento político,  onde é importante destacar o seu forte caráter nacionalista defendendo uma suposta missão civilizadora desempenhada pelo Brasil no conflito. Contrapondo a essa visão idealizada da ação brasileira, observa-se uma visão deturpada do povo paraguaio e seu presidente Solano López, ambos atacados ferozmente tanto nas caricaturas como nos textos” GARCIA; RIBEIRO, 2016, p. 78).

Estes discursos, como bem observa os autores supracitados, desenvolvia uma visão da guerra que se manteria até o final do confronto. Segundo Salles, se a Guerra do Paraguai, foi em seu início, um dos pontos altos da monarquia brasileira, por outro, ela também foi um dos grandes motivos de sua queda.

“Se a Guerra do Paraguai constitui o apogeu do poder do Estado Imperial, também prenuncia o início  de sua decadência,  quer por ampliar tensões internas na estrutura sócio-política, quer por emergir do conflito um exército no qual parte da oficialidade transferiu sua lealdade da figura do Imperador, personificação do Estado Monárquico, para a Nação” (SALLES, 2015, p. 32).

As novas narrativas, com relação a guerra na república tomariam um novo rumo, em especial por meio dos jornais da época inúmeras críticas foram colocadas com relação a atuação do império, a autora Paula da Silva Ramos (2013), evidencia que o pós guerra é marcado pelo grande montante de periódicos abertos ao longo do período, segundo ela, a grande maioria desta, possui grande influência política, em especial do movimento republicano. Segundo Ramos, estes inúmeros jornais, abertos ao longo de diferentes províncias do império foram crucias para “a queda do império” (RAMOS, 2013, p. 32).

Em especial é a partir desta nova corrente, a do início do século XX, que observamos a difusão de um Ensino a respeito da Guerra do Paraguai, sobretudo sobre as obras didáticas produzidas pelo Colégio D. Pedro II, localizado na capital, que seria responsável pela grande produção didática – não só de história – no contexto brasileiro da primeira metade dos novecentos.

Para florescer os ideais republicanos... mate o Império
Com a mudança de status político brasileiro, de império a república, uma nova visão acerca da guerra passa a revigorar. Uma visão um tanto contraditória, se bem lembrarmos a primeira fase da república brasileira é administrada por militares, em especial os mesmos que teriam participado de tal acontecimento, e receberam inúmeras condecorações por seus ‘feitos’ em tal confronto.

Segundo Doratioto (2008), os intelectuais deste momento, possuíam um certo

“embasamento ideológico positivista [...], coerentes com seu caráter pacifista, condenaram a Guerra do Paraguai. Eles também atuaram, assim como outros aderentes da República, com a finalidade de justificar a nova realidade política brasileira e uma forma de fazê-lo era   criticando  homens e acontecimentos da história do Brasil Monárquico, inclusive o conflito com o Paraguai. Por temerem uma restauração monárquica voltaram-se principalmente contra Pedro II,  que tinha sido uma figura popular, e mesmo após sua morte, em dezembro de 1891, esse temor persistiu por algum tempo”. (DORATIOTO, 2008, p. 4).

Como bem nos apresenta o autor supracitado, o período que corresponde os primeiros anos da república é um tanto ambíguo, em se tratando da guerra. Se por um lado estes intelectuais condenam a figura do imperador brasileiro, louvam os militares aos quais participaram da guerra e deram a soberania ao Brasil, as análises de Doratioto são complementada por Salles ao observar que esta nova corrente “buscaram questionar os feitos do Império, pondo em xeque toda a política imperial. Nesse sentido, teceram profundas críticas em relação à atuação do Brasil na Guerra do Paraguai” (SALLES, 2015, p. 31).

Podemos observar uma inversão de protagonistas, aos se tratarem da guerra no início da república brasileira, ou seja, de uma discurso voltado as ideologias nacionalistas do império, é substituído por visões a respeito dos feitos e contribuições dos militares, que estavam no comando da nação. O que podemos evidenciar ainda a respeito destas publicações, são as exclusões da grande massa, seja em sua participação na guerra, assim como na proclamação da república (LESSA, 2008, p. 252).
Os anos finais do século XIX e início do século XX, são marcados por produções voltadas a ‘matar’ o império, produzidas pelos republicanos, bem como ainda algumas obras mantinham os discursos de apoio ao regime passado. Segundo Salles, este período também é marcado pela construção de uma História nacional, a qual, na perspectiva do autor cristalizaria uma visão sobre a guerra, pautada nas obras, e visões memorialistas e patrióticas (SALLES, 2015, p. 32).

As principais obras, que abordariam os aspectos da guerra, ao longo de toda primeira metade do século XX, estiveram voltadas as narrativas produzidas ao longo do pós guerra, ou seja, as principais fontes para história foram tais narrativas. Este longo período de publicações sobre a guerra, cristalizaram no imaginário social algumas características, como os motivos do confronto, o enaltecimento do exército, etc.

Entre as principais formas de divulgação desta carga de características destacamos os livros didáticos. Estes foram responsáveis de reproduzir uma visão da guerra, visão esta já supracitada, pautada em aspectos memorialísticos e patrióticos. Podemos compreender que as obras didáticas produzidas ao longo da primeira metade dos novecentos, se pautaram em narrar o acontecimento, enaltecendo os ‘grandes’ nomes da guerra, ou seja os generais e comandantes, assim como enumerar os motivos do confronto, como a visão sobre Solano López, a invasão paraguaia a territórios brasileiros, etc; na perspectiva de uma história tradicional, pautadas em fatos, datas e ‘grandes’ nomes.

Em especial se tratando do ensino de história neste período, a grande maioria das obras produzidas dos anos inicias da república, até meados das décadas de 1950, eram produzidos em sua maioria, por intelectuais e professores ligados ao Colégio D. Pedro II. A grande maioria destas obras, seguiam modelos de uma história um tanto ‘tradicional’ voltada a apresentar aos estudantes uma ‘história nacional’, através de fatos, nomes, e datas. Segundo Manoel, as obras didáticas se pautavam na criação de um cidadão “republicano” (MANOEL, 2012, p. 11-24).

Inúmeras foram as obras didáticas produzidas ao longo das primeiras décadas do século XX, onde grande parte destas foram organizadas por profissionais ligados a duas importantes instituições deste período, o tradicional colégio carioca D. Pedro II, e o Instituto Histórico Geográfico – IHGB – estas obras estiveram a disposição de instituições de ensino espalhadas por todo o pais; a exemplo podemos observar o Centro de Documentação e Memória – CEDOC/I –  da Universidade do Centro-Oeste do Paraná – UNICENTRO – situada no interior do mesmo estado, contêm uma grade infinidade de livros didáticos, entre estas obras destacamos os títulos de História Geral do Brasil, História Geral da América, que trazem a temática da Guerra, todas estas obras, atualmente disponibilizadas para pesquisa no CEDOC/I, pertenciam a estudantes dos colégios na região. ( F. C. NOSSA SRA. DAS GRAÇAS, 2014, In: MARTINS; DORÉ; PEREIRA, 2017, p. 17).

Estas obras como apontou Ramos, autora já supracitada, contribuíram de forma significativa das visões da guerra, pautadas na invasão do território brasileiro, a figura de Lopez voltada a um ditador sanguinário. Aos poucos na transição pra a segunda metade do século XX, outro autor uma nova corrente apontará para uma nova discussão, que construirá definitivamente para a cristalização de uma certa Guerra do Paraguai, esta visão seria a influência inglesa, como incentivadora da guerra, se cristalizou assim a visão de um Paraguai, como uma certa potência econômica sul-americana, ameaçadora do capitalismo inglês.

Esta nova visão sobre a guerra,  ganharia espaço na segunda metade do século XX; novos historiadores e historiadoras, se voltam ao passado e dão novas vozes aos sujeitos históricos. Em especial estas nova abordagem da historiografia se pautou em buscar trazer à tona novos protagonistas desta guerra, ressignificando o novo fazer histórico, significação está que despontou o protagonismo a Inglaterra.

Considerações Finais
De fato, atualmente, com a introdução de novas fontes e problemáticas, a Guerra do Paraguai, possui uma nova visão, mas esta está restrita ainda a comunidade acadêmica.

O ensino de histórica, por muito tempo ficou marcado por esta visão, seu desenvolvimento ainda foi crítico no período que se referiu a ditadura militar brasileira, período este que contribuiu fortemente para esta cristalização a respeito da Guerra. Foi somente com o final deste regime que novas visões, novos sujeitos passaram a ganhar importância, como a questão do negro.

As visões sobre a guerra vão se reformulando aos poucos, cabe ao historiador, partindo de suas fontes e de seu olhar atual, observar este acontecimento marcante na América Latina, e problematiza-lo, pautando de novas correntes, de olhares presentes e assim evidenciando que os discursos/narrativas a respeito da Grande Guerra, são resultados do tempo histórico de seus narradores.

Referências
Bruno César Pereira – Graduando em História pela Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná, UNICENTRO, Campus Irati.

ARIAS NETO, JOSÉ MIGUEL . A defesa na Imprensa Militar do século XIX: Brasil e Argentina. In: IX ENABED - Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos de Defesa, 2016, Florianópolis:Anais do IX ABED, 2016. v. 1. p. 1-11. Disponível em: http://www.enabed2016.abedef.org/resources/anais/3/1466374207_ARQUIVO_AdefesanaImprensaMilitar.pdf. Acesso em: 04/11/2017.

ARIAS NETO, José Miguel. A imprensa militar e as ressignifcações da Batalha Naval do Riachuelo na memória e na História. In: Pensando a Guerra do Paraguai em seus 150 anos. UFMGS: Anais do III Encontro do Grupo de Pesquisa Historiografia e Ensino de História (HEH), 2016.

ARIAS NETO, José  Miguel; GARCIA, Gabriel Ignacio . A imprensa como soldado da Tríplice Aliança e do Paraguai: guerra total e desumanização do inimigo. In: Ana Paula Squinelo. (Org.). 150 anos após A guerra do Paraguai: entreolhares do Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. Campo Grande: Editora UFMS, ed. 1, v. 1,  2016, p. 251-273.

CASTRO, Isis Pimentel de. Pintura, Memória e História: a pintura histórica e a construção de uma memória nacional. Rev. de Ciências Humanas, Florianópolis: EDUFSC, n. 38., p. 335-352, 2005.

COLÉGIO NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS. Coleção de livros didáticos e literários. In: MARTINS; V.; DORÉ, M. E.; PEREIRA; B. C.. Guia de Fundos e Coleções. Irati: UNICENTRO/CEDOC-I, 2017, p. 17.

DORATIOTO, Francisco.História e ideologia: a produção brasileira sobre a Guerra do Paraguai. Nuevo Mundo Mundos Nuevos. Buenos Aires: Museu Histórico Nacional da Argentina, 2008. Disponível em: http://nuevomundo.revues.org/49012. Acesso em: 05/11/2017.

GARCIA, Gabriel Ignácio; RIBEIRO, Edméia. As representações da Guerra do Paraguai por meio do periódico “Paraguay Illustrado” (1865). In: XIº Seminário de Pesquisa em Ciências Humanas. Maringá: Anais do XIº SPCH, v. 2, n. 4, 2016, p. 70-80. Disponível em: http://www.uel.br/eventos/sepech/arqtxt/ARTIGOSANAIS_SEPECH/gabrieligarcia.pdf. Acesso em: 05/11/2017.

MANOEL, Ivan A. O Ensino de História no Brasil: do Colégio Pedro II aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Conteúdos e Didática de História, UNESP, 2012, p. 1 – 24. Disponível em: https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/46194/1/01d21t11.pdf Acesso em: 07/11/2017.

PEREIRA, Bruno César; GILLIES, Ana Maria Rufino. Literatura, Arte e História no Brasil Imperial. Sobre Ontens, v. 2, 2017, p. 1 -17. Disponível em:http://revistasobreontens.blogspot.com.br/p/edicao-sobre-ontens.html.  Acesso em: 05/11/2017.

RAMOS, P. S. Vozes do Império: Estados Unidos e Argentina no debate político da imprensa brasileira (1875-1889). Assis: UNESP– Faculdade de Ciências e Letras (Dissertação de Mestrado em História), 2013. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/93383/ramos_ps_me_assis.pdf?sequence=1. Acesso em: 08/11/2017.

SALLES, André Mendes.A Guerra do Paraguai na historiografia brasileira: algumas considerações. Cadernos do Aplicação. Porto Alegre: v. 27-28, jan.-dez. 2014/2015, p. 29-41. Disponível em: http://www.seer.ufrgs.br/CadernosdoAplicacao/article/viewFile/49957/38164. Acesso em: 05/11/2017.

21 comentários:

  1. Bom dia! Sem duvidas a Guerra do Paraguai foi um evento importante para a politica sulamericana e principalmente brasileira. Porem nossos livros didaticos tratam de maneira superficial esse evento. Como podemos trabalhar melhor essa guerra em sala de aula?

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    1. Boa tarde Benedito. Bom o tem aqui discutido, como você bem pode observar é de uma grande complexidade, ainda mais quando buscamos discuti-lo junto a nossos alunos. De fato a grande maioria dos livros didáticos possuem suas contribuições e suas limitações, cabe ao professor neste momento, não se fixar apenas a este (ser um escravo do livro didático), cabe a este buscar por meio de periódicos (revistas) e acompanhar 'a que pé anda' as discussões deste tema. Cabe a também o professor, apresentar aos alunos que o que já foi escrito sobre tal fato, acompanhou uma série de discursos de momentos históricos de seus autores, mas um ponto importante que auxiliara o professor são o uso de fontes, além do livro didático, utilizar-se de outras, como filmes, pinturas, periódicos da época (como é o caso de inúmeras charges que se encontram disponível em hemerotecas digitais - como é o caso de um dos estudos usado por nós na elaboração deste texto), este auxilio de fontes contribui para os alunos compreenderem, o processo da construção e difusão da Guerra. Assim estes compreenderiam melhor que o que foi e é escrito sobre a guerra contempla um certo protagonismo a certos indivíduos ao longo da história e do que se escreveu sobre tal acontecimento. Bruno César Pereira

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  2. Bom dia Bruno Pereira, é percebido no seu artigo o cuidado ao tratar do tempo histórico, segundo suas reflexões embasada em vários autores, no pós guerra as narrativas estavam voltadas diretamente a ideologia nacionalista do império, e o Paraguai com a figura de Francisco Solano Lopez seria o causador da guerra; em outro momento histórico, os republicanos embasado na ideologia positivista, temendo uma restauração monárquica, condenaram a Guerra do Paraguai, tecendo críticas ao Brasil imperial e sua atuação na guerra.
    As fontes e reflexões que nos ajudam a ter uma nova visão sobre a Guerra do Paraguai esta restrita a comunidade acadêmica, a nova escrita da história que busca novos sujeitos, desponta para o protagonismo da Inglaterra, que se sentiu ameaçada por uma potência sul-americana na disputa capitalista. após várias leituras elencadas e reflexões plausíveis, pergunto: A nova escrita da história sobre esse fato histórico, que aponta o protagonismo inglês, seria vantajoso no entendimento da Guerra do Paraguai e na busca em dar voz aos sujeitos esquecidos pela história? Marcelo de Oliveira Feitosa.

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    1. Bom dia Marcelo Oliveira, agradeço sua pergunta. Bom, o presente trabalho faz parte de um discussão maior, que vai do pós-guerra aos estudos da atualidade, um texto que esta ainda em fase de finalizações e possivelmente será um publicado em um periódico (Revista de História) que de ênfase nestas discussões. Tratando em especial de sua pergunta, podemos dizer que os estudos sobre a Guerra do Paraguai, ou da Grande Guerra, que colocaram um certo protagonismo sobre a Inglaterra, como financiadora do Conflito, e até certo ponto como grande ‘mandante’ de tal, são estudos que correspondem a década de 1980 e vão até o inicio da década de 90, quando temos novamente uma mudança de foco e protagonismo no Conflito – destacamos dois autores, que possuem grande importância para esta corrente, Júlio José Chiavenatto (obra: Genocídio Americano: A Guerra do Paraguai, 1983 ) e Léon Pomer (obra A Guerra do Paraguai: a grande tragédia rio-platense, 1980 . Mas acreditamos que, se por uma lado esta corrente colaborou para a quebra a História Tradicional de tal acontecimento Histórico, pautado nas ideologias nacionalistas e a história dos grandes heróis, por outro esta nova corrente, criou um certo imaginário social, presente até hoje, de um Paraguai como potência econômica latino-americana, além de uma visão da Inglaterra como uma grande vilã. Ora, é inegável que este Estado europeu possuiu grande influência sobre a guerra, em especial sobre a questão financeira, realizando inúmeros empréstimos as nações da Tríplice Aliança, mas propor a recém-nascida nação do Paraguai como uma grande potência é de fato um compreensão generalizada, erro que se tornou comum a partir de tais estudos (pois alguns pontos, como a estrutura Paraguai na questão da distribuição de terra, seu nacionalismo, o desenvolvimento da indústria, entre outros aspectos é um ponto louvável do Paraguai nos oitocentos), mas propor esta nação como um grande potência a ser combatida pela Inglaterra, é um ponto que deve ser bem melhor estudado e discutido. Votando a sua pergunta, observamos esta abordagem como a quebra das amarras da história tradicional e sua abertura para uma nova compreensão histórica sobre a Grande Guerra, abrindo brechas, para o que a partir da década de 1990, se iniciariam inúmeros estudos dos chamados “excluídos da Guerra”, os escravos, indígenas e até mesmo os grandes senhores, os ‘nobres da terra’ no Brasil que se eximiam do confronto mandado em seu lugar, ‘representantes’ (na maioria das vezes escravos), entre outros sujeitos que foram esquecidos, mas de fato estas discussões só foram possibilitadas a partir da introdução de novas discussões sobre a Grande Guerra (em especial sobre a participação inglesa), que se deram já no final do Regime Militar brasileiro. Bruno César Pereira

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  3. Bom dia. Pergunto ao autor até que ponto as críticas ao Regime Militar no Brasil, influenciaram negativamente vários historiadores à respeito da postura do Exército na Guerra da Tríplice Aliança?

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    1. Bom dia Giovanni Latfalla, agradeço sua pergunta. Bom primeiramente cabe aqui um breve reflexão dos escritos do período Republicano, até meados da década 1970, quando teríamos uma nova visão sobre a Guerra, quebrando com a concepção ‘tradicional’. Os estudos e as publicações sobre a guerra ao longo de tal período se pautaram em narrativas, exaltando ‘heróis’ – em espacial os homens que compunham as grandes patentes do Estado Maior do Exército – e os confrontos, além da construção da figura de Solano Lopez como um ditador sanguinário, que propunha intervenção brasileira como um forma de levar a ‘civilização’ até a nação Paraguaia. Se tratando em especial de sua pergunta, a nova visão, ou melhor, compreensão sobre o conflito, que nasceria a partir da década de 1980, encabeçada pela obra Genocídio Americano: a Guerra do Paraguai, obra do autor Júlio José Chiavenatto, publicada pela primeira vez em 1984, trará ao longo de suas discussões, a partir de um série de fontes, sejam elas diários de participantes da Guerra, bem como de documentos oficiais do exército, como se deu o conflito, e as manobras utilizadas pelo exército da tríplice aliança, com destaque as estratégias brasileiras, para o conflito, destacamos aqui algumas, presentes na obra de Chiavenatto, como o envenenamento das aguas, a queima de plantações; etc. esta obra é um marco importante para as discussões que se referem aos estudos da Grande Guerra (ou Guerra do Paraguai, Guerra da Tríplice Aliança), pois esta quebraria com a concepção dos heróis do conflito, a exaltação de generais, comandantes, etc, e contribuiria para a abertura de novas problematizações além de dar voz e tornar protagonistas sujeitos históricos até então esquecidos, como é o caso dos negros e indígenas, além é claro, de que esta corrente introduz e cria, de certa forma, um imaginário social a respeito da influência inglesa no confronto, além de criar uma certa imagem do Paraguai como uma grande potência que os ingleses deveriam combater. Esta obra se torna marcante, para uma série de criticas as posturas e estratégias do exército brasileiro no confronto, além de, na minha visão, sua grande contribuição é a abertura para as novas discussões e introduções de novos sujeitos históricos.
      Bruno César Pereira

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  4. Bom dia Bruno César, espetacular o seu texto a sua construção e preocupação em determinar o Tempo Histórico nas narrativas da Guerra do Paraguai e todos os seus desdobramentos.Como trazer para sala de aula essa temática certo de que os livros didáticos não dão essa ênfase nesse episódio que teve muita importância na Construção do Brasil República?
    Att,

    Vanessa Souza Santos

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    1. Bom dia, Vanessa Santos; agradeço sua pergunta. Bom, de fato os livros didáticos são uma das grandes problematizações acerca do processo de ensino de História. Mas, acreditamos que não devemos abandonar a este, pois este servo como um forma de introduzirmos aos nossos alunos a discussão a qual pretendemos. Como apresentado no presente texto, foram inúmeras as visões sobre a Guerra do Paraguai, ou a Grande Guerra, acredito que partindo desta discussões como nossos alunos poderemos ajuda-los a passear pelos principais discursos sobre tal acontecimento histórico, partindo de fontes, como charges e noticias de jornais do período da guerra e do pós, podemos identificar o discurso nacionalista de exaltação de Império e do Imperador (são muitas as hemerotecas digitais que possuem recortes de jornais e charges do período); passando para o período memorialista, podemos partir de pequenos recortes de livros didáticos das décadas inicias da republica até os anos 1960-70, e observaremos com ênfase a discussão da história tradicional, pautada nos grandes heróis, datas, e confrontos, etc. Compreender estas duas primeiras compreensões sobre a Guerra, a partir de fontes, é observar como se deu o processo de formação de inúmeras questões brasileiras, como um certo espirito nacionalista, a cristalização de um imaginário social, etc. Mas é claro que para um discussão mais atual, devemos atentar aos estudos da Guerra da segunda metade dos novecentos, até os dias atuais, que quebraram com a história tradicional, trazendo luz a novas questões como a influência inglesa no confronto ( a este ponto destacamos autores como Chiavenatto e Pomer - mas ainda a este ponto devemos tomar cuidado com as generalizações e evitar cair nos mitos da ‘Inglaterra como grande vilã’ e o ‘Paraguai como grande potência a ser combatida), etc. Esta ultima corrente é de grande importância para os estudos da atualidade, pois ela abriu uma infinidade de temas e de novos sujeitos históricos, como os negros, indígenas, os grandes senhores, etc. É certo que os livros didáticos, pouco trazem sobre este acontecimento Histórico, e muitas vezes tal acontecimento é narrado a partir de um compreensão e visão deturpada, excluindo e louvando certos sujeitos, cabe ao professor ser o mediador nestas discussões, a presentar aos alunos as visões sobre a guerra, os sujeitos que estiveram envolvidos nesta trama, a partir do uso de fontes que contribuam de forma significativa.
      Bruno César Pereira

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    2. Boa Tarde Bruno César

      Obrigada pela resposta estou muito contente em participar do Simpósio e ampliar os meus conhecimentos no Ensino de História , vou estudar bem sua resposta e praticar em sala de aula.

      Vanessa Souza Santos

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  5. Bom dia Bruno César e demais debatedores.

    Texto excelente ao trazer à tona a problemática da Guerra do Paraguai, nos fazendo refletir sobre a verdadeira causa desse imbróglio, o Império brasileiro viu nesse momento uma forma de fortificar sua estrutura e dar legalidade a sua administração, além de livrar a sociedade paraguaia de Solano López, sendo ele ditador conforme a historiografia no período do combate e no pós-guerra. Através de mais pesquisas historiográficas, surge além dos interesses imperiais do Brasil e da invasão paraguaia sobre território brasileiro comandado por Solano López, mais um motivo para a guerra, à influência britânica, haja vista que o crescimento econômico paraguaio traria uma forte ameaça aos negócios ingleses na América do Sul.
    Mas seria razoável considerar como outro motivo, à invasão brasileira no Uruguai, devido uma guerra civil entre os partidos Colorado e Blanco, no início de 1865, depondo em 02/02/1865, o presidente uruguaio Atanásio Aguirre do partido Blanco e empossando Venâncio Flores do Partido Colorado, tendo em conta que o governo de Aguirre tinha o apoio do presidente Solano López do Paraguai?

    Alexandre Leite Rosa

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    1. Boa tarde Alexandre L. Rosa, agradeço sua pergunta. Bom, o presente trabalho, como já dito em outra resposta, corresponde a uma parte de um debate muito mais complexo, infelizmente pelo tamanho da comunicação aqui, buscamos deixar algumas questões de lado. Mas com o espaço aqui, para o debate, podemos discutir um pouco melhor questões como esta que você nos apresenta. Infelizmente boa parte dos estudos sobre a Grande Guerra ou Guerra do Paraguai, de um forma ou outra se resumem a invasão Paraguaia ao território brasileiro, a busca inglesa de interferir no Paraguai, etc. O ponto o qual você levanta, é um ponto muito interessante, no que se diz respeito a ‘formação do conflito’. Ora, bem sabemos que o período que antecede a Guerra é marcado por uma série de intervenções brasileiras e argentinas no Uruguai, onde estas duas nações tomam para si, um discurso que buscou salvaguardar os direitos dos uruguaios, criando um percepção de vilania sobre, o até então presidente do Uruguai Atanásio Aguirre, a qual este possuía um pacto de apoio mutuo com o Paraguai, a este ponto entramos em uma discussão, a qual, particularmente tenho um grande interesse, a Diplomacia entre as nações Latino-Americanas. Partindo de um viés que a invasão Paraguaia foi um forma de retaliação as atitudes do Estado brasileiro sobre o Uruguai, o qual possuía um pacto de apoio mutuo, nos gera desta forma uma quebra da compreensão tradicional de Fernando Lopez como o ‘grande ditador’ que invade o Brasil por interesses egoístas, na busca de aumento de seu território. São inúmeras outras questões que devemos levar em conta neste período, entre elas as negociações e abusos sobre os impostos na Bacia do Prata, a rede Diplomática deste período, os interesses Ingleses, a desconstrução da ‘grande invasão paraguaia no território brasileiro; etc. Este apontamentos todos refletem a complexidade do momento histórico de resultaria no conflito, a Guerra, mas infelizmente, devido ao longo período em que a história esteve sobre um julgo da história tradicional (história das datas, conflitos e heróis), estas problematizações foram deixadas de lado, mas que hoje tomam novamente o hall das discussões obre a Guerra do Paraguai, com autores como Salles e Doratiotto (ambos referenciados no trabalho acima).
      Bruno César Pereira

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    2. Boa tarde, Bruno, a história é uma ciência muito interessante, quando cremos que chegamos ao fim, sempre aparece um vestígio que nos leva ir mais fundo. E o historiador deve sempre estar atento e aberto para mudança de direção em uma pesquisa. Esse debate enriqueceu ainda mais o meu conhecimento.

      Um forte abraço!

      Alexandre Leite Rosa

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  6. Parabéns pelo trabalho!
    Na perspectiva de sala de aula, quais os aspectos sociais são necessários desbravar a respeito da guerra do Paraguai em relação a Lei 10.639/03. Trago essa pergunta, pois acho necessário um entendimento mais profundo em sala de aula sobre a importância negra nessa guerra.
    David Richard Martins Motta

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    1. Bom dia, Ricardo Martins Motta; agradeço sua pergunta. Sua pergunta é muito interessante, por muito tempo como apontamos no texto acima, a História e suas correntes historiográficas tiveram se ligadas diretamente a uma História Memorialista e factual. Os estudos contemporâneos, da década de 1980 para cá, tem tido um hall de discussões muito mais amplas e aprofundadas e é neste quadro que se inclui a discussão da participação negra na Guerra do Paraguai. Tais estudos têm mostrado que muitos regimentos, que combateram na guerra, eram em sua maioria compostas por negros, em sua maioria também escravos, que participariam desta com a pretensão de ganhar a alforria como prometida pelo Governo Imperial. Ora, se bem lembrarmos, muitos deste combatentes negros, não ganharam a tão sonhada alforria, e ainda se encontraram em sua volta para ‘casa’ num completo desanimo, visto que, eles estavam combatendo naquele momento um ‘ditador’ e ainda levando a ‘civilização’ a uma nação, discurso este propagado no período pelo governo Imperial, mas em sua volta para o Brasil observavam seu status (escravos) e logo todo o discurso imperial cai sobre terra, o quão civilizado era o Brasil, para querer impor uma forma de civilização? Que civilização é esta?. A estes pontos, temo inúmeras formas de abordagem, seja do tema escravidão assim como da própria guerra, podemos nos utilizar de fontes, como gravuras da época e evidenciar a estes pontos e fomentar debates entre nossos alunos.
      Att. Bruno César Pereira

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  7. Arnaldo Lucas Pires Junior12 de abril de 2018 às 18:39

    Olá Bruno, primeiramente gostaria de te parabenizar pelo texto e pela escolha de um tema tão apaixonante quanto é a Guerra do Paraguai. Como essa temática tem sido parte da minha trajetória acadêmica desde a graduação, me interessa especificamente te fazer duas perguntas. A primeira delas diz respeito a uma distorção que percebo entre a maneira com a qual a Guerra é ensinada nas escolas, onde ainda se encontram narrativas revisionistas, e a forma com a qual a academia vê o conflito. Você também percebe essa dissenção? Como poderíamos mitigá-la?

    Minha segunda pergunta, que também é um pouco resultado de minhas preocupações de pesquisa sobre o tema, é o nascimento daquilo que chamo em meus artigos de um "neorevisionismo", ou seja, narrativas, na maioria das vezes substanciadas por teorias marxistas, que procuram tornar mais palatáveis os argumentos revisionistas da década de 60. Você também percebe uma tentativa de renascimento do revisionismo no âmbito acadêmico?

    Enfim, mais uma vez te agradeço pelo tempo e te parabenizo pelo texto.


    Att.
    Arnaldo Lucas Pires Junior

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    1. Bom dia, Arnaldo Lucas Pires Junior, agradeço por suas perguntas. Respondendo a primeira delas, sim, a uma grande diferenças entre o que é discutido no meio acadêmico e o que se ensina em meio ao ensino fundamental e médio. O que me parece é que ainda os professores de História, estão atrelados a apenas discussões de livros didáticos (e isto não é somente uma critica ao ensino sobre a guerra, mas no ensino geral sobre a História), a renovação do hall de discussões clássicas, como a Guerra do Paraguai, é algo que a academia têm feito muito nos últimos anos, em especial se tratando das novas discussões e problemáticas que podem ser observadas a partir da década de 1990, com o historiador Doratioto (um néo-revisionista). Acredito que para conseguirmos alcançar um ensino diferente cabe aos professores se reinventarem, e começarem a se desprender a apenas ao uso do livro didático, acredito que o uso de fontes, como charges do período, trechos de narrativas memorialistas, de discussões do revisionistas como é o caso de Chiavenatto, ao serem apresentadas para os alunos contribuem que estes compreendem que muito se escreveu sobre a guerra, mas que o que se escreveu esteve ligado ao tempo histórico dos autores, sejam pela ideologias do império, seja pelo nacionalismo republicano, assim como pelas novas problemáticas que começaram a nos render discussões mais interessantes partir de obras como Genocídio Americano, do autor J. J. Chiavenatto; mas intensificar as discussão que não parou por ai, hoje temos novos estudos, novas visões/concepções da guerra, pautadas em dar voz a muitos que estiveram até então excluídos.
      Sobre sua segunda pergunta, de fato esta também é uma preocupação particular minha, atualmente temos novos estudos sobre a guerra, alguns pautados sobre um olhar da micro-história, outros sobre a “história vista de baixo”, assim como outras... o neo-revisionismo é uma corrente que desde a década de 1990 passou a ganhar espaço de discussão, colocando em xeque e desmistificando um imaginário da guerra, assim como a própria corrente revisionista havia feito. É claro que cada corrente, possui sua contribuição, mas também possui suas limitações, e presumo eu que em alguns anos teremos o nascimento de uma nova corrente; por outro lado, como você mesmo observou na sua pergunta, e é um ponto que concordo, voltaremos a uma corrente, como a revisionista, o meio acadêmico é rico em publicações de diferentes temáticas, abordagens, problematizações, mas ainda sim é restrita ao meio acadêmico. Os estudos revisionistas, como já dito, possuíram sua contribuição, em especial a de quebra da visão do ‘grande ditador’, mas construiu um imaginário sobre um ‘grande’ influência no confronto pela Inglaterra, e esta visão se cristalizou em meio a livros didáticos e grandes textos, acreditando que os avanços que damos ao longo de novos estudos sobre a Guerra, de nada adiantam quando o imaginário proposto pelos revisionistas ainda estiver em vigor por meio dos livros didáticos, infelizmente este olhar condiciona e reforça novos estudos no meio acadêmico, que se pautam no revisionismo. Posso parecer um pouco otimista de mais em minha fala agora, mas ainda creio que novas contribuições do neo-revisionismo, proporcionaram um estudo eficiente no contexto do ensino, e assim contribuindo para o mesmo e abrindo espaço para novas correntes e concepções da Guerra.
      Att. Bruno César Pereira

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  8. Olá Bruno muito obrigada pelo trabalho. Visto que ao longo dos séculos XIX, XX e XXI foram realizados inúmeros trabalhos como livros e artigos em relação da guerra e também considerando a Guerra do Paraguai como o maior conflito armado na América do Sul, acredito que deveria ter maior enfase na escola, digo assim por que durante meu ensino médio essa guerra foi mencionada algumas vezes pelos os professores, mas nunca a estudamos. Gostaria de saber se em sua opinião esse acontecimento é tratado com pouca importância, e sendo quais os meios dos professores tratarem com maior relevância esse tema?
    Grata.
    Talita Souza da Rocha Rebello

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    1. Bom dia, Talita Souza da Rocha Rebello; agradeço sua pergunta. Bom de fato, a Guerra do Paraguai é um acontecimento histórico de grande importância para a América Latina, que mais de 150 anos após o conflito, alguns de seus desdobramentos são refletidos hoje. De fato, este marco histórico é muito mal tratado assim como pouco explorado no processo de ensino; Quando tratado, é proposto sobre uma perspectiva que não apresenta aos alunos as inúmeras vertentes deste, gerando assim um breve resumo da Guerra, ora propondo o conflito sobre a perspectiva nacionalista, ora pela influência inglesa. Acredito que para compreendermos melhor a complexidade deste acontecimento é necessário que o professor apresente as principais características de cada uma das correntes e o que cada uma destas contribuiu, além de suas limitações, evidenciar que muito já foi escrito e ainda assim não conseguimos observar todas as suas dimensões (seja a política-diplomática/ social/ econômica/ etc.). Cabe ao professor, com o auxilio de fontes e de recortes de pesquisas, fomentar o debate aos alunos, para que estes não sejam apenas um depósito, mas sim filtrarem e construírem seu conhecimento histórico. Uma opinião particular minha, pouco sabemos sobre o América Latina, sobre os processos de independência de nossos vizinhos, como se constituíram suas nações, quais foram as principais lutas destes etc; e por um outro lado conhecemos muito sobre a Europa e América do Norte, cabe nós colocarmos de fato o Brasil em seu lugar, a América Latina, e não buscar que este, hora esteja ao lado da Europa, ora esteja ao lado dos EUA.
      Att. Bruno César Pereira

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  10. Bom dia, Bruno!
    Gostaria de pontuar e parabenizar pela escrita de um texto bastante enriquecedor a respeito de um assunto que infelizmente não possui visibilidade nas salas de aula. A Guerra do Paraguai nos faz atentar para várias questões, tanto pelos aspectos resultantes desta, como para os diferentes pontos de vista que acercam o assunto. Lilia Schwarcz e Heloisa Starling abordam em seu livro Brasil: Uma biografia, a visão generalizada dos brasileiros de que vivemos em um país em perpétua passividade. Questionando isso, ambas descrevem as várias revoltas já ocorridas e a proporção ampla obtida pela Guerra do Paraguai. Partindo dessa proporção e da grande relevância da guerra, poderíamos concluir que a visão do Brasil como um país extremamente plácido, não é partilhada entre outros países da América Latina?
    Grata,
    Luciana Maria Santiago Baldoino

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  11. Boa noite! Gostaria de saber a sua opinião na seguinte questão: Será que quando o professor mostra ao aluno o papel que os escravos tiveram na Guerra do Paraguai, numa perspectiva futura os alunos deixaram de lado a visão de que somente a alta patente do exercito participou do conflito.
    Desde já agradeço.


    Milena Silvério Ferreira.

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