Ary Albuquerque Cavalcanti

PEDRA, PAPEL E TORTURA: A DITADURA CIVIL-MILITAR REVISITADA NA SALA DE AULA

Nos últimos anos muitos debates que pareciam ter sido superados, retornaram com bastante veemência em diferentes espaços sociais. Dentre os temas mais discutidos está o período ditatorial brasileiro (1964-1989), tal fato pode ser observado com os pedidos eufóricos de muitas passeatas por uma intervenção militar, bem como a elevação heroica á ex-torturadores.

Ainda que parecesse um assunto já superado na história do Brasil, não nos surpreende sua retomada. Na ultima década o país passou por inúmeros conflitos políticos, alianças que saíram do caráter propriamente democrático e invadiram os embates diretos entre pessoas ligadas á partidos ditos de esquerda e de direita.

Em meio a uma disputa política que segue inclusive neste ano de 2018, observamos que a retomada de palavras como comunismo e fascismo voltaram ao centro de calorosos debates informais e em slogans de manifestações. Contudo, nosso olhar neste breve texto é voltado para como podemos revisitar a ditadura civil-militar em sala de aula e suas principais dificuldades metodológicas.
O período ditatorial brasileiro pode ser considerado parte de uma história recente de nosso país, com isso muitas pessoas que participaram ativamente tanto do lado do Estado quanto do militante se encontram vivos, o que permite inúmeras versões para os fatos (CARLOS FICO, 2012). Apesar de não adentramos sobre a temática, salientamos o quanto a história oral contribuiu para o crescimento da temática, bem como os inúmeros debates posteriores.

Com o avanço da tecnologia e dos meios de comunicação, o acesso à informação se tornou mais rápido e prático, porém, sua exatidão e confiabilidade ainda são suas maiores falhas. Em meio a todo esse processo, o ensino de história passou a lidar com o “apoio” da mídia, tendo hoje participação em muitas aulas de discentes pelo Brasil, seja como ferramenta metodológica, bem como uma representação à ser problematizada (o que entendemos essencial). Por outro lado, uma série de informações desencontradas e até mesmo infundadas passaram a fazer parte do vocabulário em diversos espaços de interações sociais, como é o caso de escolas, universidades, mas principalmente as redes sociais.

Assim, apesar dos desafios, é importante que a educação acolha a tecnologia, uma vez que:

“(...) quando acolhidas pelos educadores, tais inovações tecnológicas têm normalmente sido usadas como técnicas de ensino, estratégias para preencher ausências de professores ou como recursos para tornar as aulas menos enfadonhas. (...) Estudos e pesquisas atuais apontam para a necessidade do redimensionamento de tais práticas, em direção à priorização de reflexões acerca das especificidades e das linguagens próprias das novas tecnologias da informação. Elas deverão ser retomadas á luz das novas teorias das Ciências Humanas e Pedagógicas” (CIRCE BITTENCOURT, 2008, p. 64).

Assim, se culturalmente a história já foi vista como aquela disciplina provocativa e de tom crítico, esta passou a sofrer com a enxurrada de informações sobre ações do Estado durante a ditadura civil-militar, desde distorções infundadas sobre o período, á defesas contraditórias de grupos que se dizem a favor da democracia. É importante enquanto docentes que somos, independente da esfera e grau, nos posicionarmos criticamente, porém, nada pode retirar o peso das torturas e das práticas que feriram os direitos humanos durante o período aqui destacado.

Como alternativa para fazermos as devidas arguições sobre o tema, é importante ao docente fazer a contextualização histórica do período, problematizando as correntes ideológicas que se digladiavam em busca de apoio pelo mundo e o bipolarizava. Com isso, é possível partir desde os conflitos que foram gerados na política nacional, perpassando a retirada de João Goulart da presidência até o apoio norte americano durante as décadas que a ditadura permaneceu no país. Como alternativa, o documentário Jango de direção de Silvio Tendler (1984)apresenta uma ilustração do processo de antecedência ao golpe.

No âmbito do período ditatorial brasileiro, comungamos do pensamento de Adriano Codato (2005) o qual vê o recorte temporal da ditadura entre 1964 e 1989. Tal periodização se dá entre o golpe de 1964 até a escolha direta para presidente em 1989, pós constituição de 1988. Existem autores que trabalham uma visão diferente que parte de 1964 indo até 1985, período de retorno de um presidente civil, contudo, destacamos que este fora escolhido ainda pelas correntes repressivas como um “plano mestre” em transição com forças neoliberais (MARIA ALVES, 2005).

“Tornava-se necessário um “plano mestre” para que a abertura política do sistema permitisse suficiente escapamento de valores da “panela de pressão”. Este plano, elaborado pelos planejadores do governo, obedecia a cuidadosa cronologia” (MOREIRA ALVES, 2005, p. 320).

Já no que condiz a uma abordagem do período de forma mais ampla trechos de filmes e documentários, a depender da faixa etária da turma, podem ser excelentes alternativas. Contudo, se torna importante a/o docente contextualizar a obra cinematográfica, bem como trabalhar a temática em voga, contribuindo assim para um debate mais aprofundado.

No que tange a utilização de documentários, o trabalho com depoimentos/ memórias, além do que citamos anteriormente nos cuidados com filmes, é importante a quem usar de tal ferramenta observar os lugares de fala e as diferentes verdades possíveis a partir do que é dito. Detentora de subjetividades, anseios e sonhos, as memórias possuem um objetivo e o presente (seja o momento de produção ou de utilização) falam muito nas entrelinhas (BEATRIZ SARLO, 2007).

Assim, entendemos que levar trechos de depoimentos militares e militantes seria um bom contato com personagens da época. Quanto a problemática levantada, fazer a simulação de um júri, levando em conta a constituição da época, bem como as práticas do Estado e as ações da esquerda se torna viável para que provoque nos alunos a noção de contextualização. Contudo, a/o docente precisa estar atento as peculiaridades de sua turma e ter a percepção que este tema está latente e atualmente é bem sensível seu debate em sala de aula.

Outro tema que pode ser trabalhado é a Anistia e seus desdobramentos. Para tal, sugerirmos a atualização de imagens do período, algo que encontramos com maior facilidade na internet, uma vez que já se ensaiava uma abertura política, o que permitiu a retirada de fotografias, e matérias jornalísticas sobre o tema.Assim:

“O emprego de imagens como fonte de informação é apenas um dentre tantos (inclusive simultaneamente a outros) e não altera a natureza da coisa, mas se realiza efetivamente em situações culturais específicas, entre várias outras. A mesma imagem, portanto, pode reciclar-se,assumir vários papéis, ressemantizar-se e produzir efeitos diversos” (ULPIANO MENESES, 2003, p. 29).

Ainda quanto uma a abordagem sobre o tema, anistia, trabalhar as inúmeras faces da democracia na América Latina e como países, a exemplo da Argentina conviveu com sua ditadura e trabalhou sua anistia é uma alternativa interessante se pensarmos no ensino médio. No Brasil a lei de Anistia foi promulgada em 1979, anistiando tanto a esquerda quanto agentes da repressão. Sobre o tema já existem diversas discussões, inclusive internacionais, as quais retratam em sua maioria os inúmeros crimes cometidos e o desrespeito aos Direitos humanos realizados pelo Estado brasileiro e que ficaram impunes (CARLOS FICO, 2010).

Outro tema a ser trabalhado pela/o docente consiste em analisar com sua turma o protagonismo feminino durante a ditadura, observando quem foram às mulheres que participaram da resistência às diferentes práticas de tortura sofridas e a falta de menções a elas em livros de história e memorialísticos. Longe de qualquer demérito por parte da ação masculina, ao nosso ver as mulheres tiveram papel de importância no processo de resistência á ditadura e ainda precisam ser melhor trabalhadas (ANA COLLING, 1997).

No âmbito da problemática da presença da mulher no período ditatorial, a utilização de depoimentos de mulheres que viveram a época é uma alternativa viável, ou, com todas as ressalvas de sua produção e reprodução temos a obra cinematográfica Zuzu Angel (2006) (ARY JUNIOR & ITALO BORGES, 2006). Tal película busca apresentar a luta de uma mãe pelo paradeiro de seu filho Stuart Angel Jones envolvido com a luta politica.

De ante á tais possibilidades, enquanto docentes é importante termos a consciência de alguns pontos. A história do tempo presente que vem alcançando cada vez mais espaço na historiografia trouxe discussões importantes, bem como causou em muitos casos certo revisionismo de acontecimentos, devido principalmente á utilização de memórias vivas sobre os períodos que se sucederam. Na Alemanha, por exemplo, alguns estudiosos passaram a questionar as práticas nazistas e justifica-las por atos ocorridos anteriores, o que segundo estes teriam levado o III Reich a ter a postura que teve não apenas aos judeus, mas ao restante do mundo (FICO, 2012).

Dito isto, no Brasil apesar de toda a luta politica que ocorria, bem como os embates ideológicos/políticos que atualmente cercam o país, muitas justificativas para a prática de tortura, bem como as mortes ocasionadas durante a forte repressão que o país passava se tornam sem fundamentação. Do nosso ponto de vista, aqueles que cometeram “crimes políticos” deveriam ter sido no mínimo julgados com base nos direitos humanos e terem, caso condenados, direito a defesa e se em caso de presos, não serem torturados, ou sofrerem qualquer tipo de cerceamento em nome de uma guerra ideológica ou Doutrina de Segurança Nacional.

Entre pedras jogadas, papéis que escondiam segredos e uma prática de tortura escancarada que o período ditatorial brasileiro não pode deixar de ser lembrado e consequentemente ser trabalhado em sala de aula. Esperamos que a partir deste breve texto surjam novas indagações e contribuam não apenas para o ensino de história, mas para que essa fase da história do país jamais retorne.

Referências
Ary Albuquerque Cavalcanti Junior éDoutorando em História pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e bolsista CAPES. Desenvolve estudos sobre a historiografia ditatorial, história das mulheres, relações de gênero e ensino. Atualmente estuda as mulheres na guerrilha do Araguaia, fazendo parte do Laboratório de Estudos de Gênero, História e Interculturalidade (LEGHI) ligado ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal da Grande Dourados em conjunto com Cátedra Unesco.

BITTENCOURT, Circe (orgs). O saber histórico na sala de aula. 11ªed, São Paulo,: Contexto, 2008
CAVALCANTI JUNIOR, A. A.; Borges, Italo Nelli. Quem é essa mulher?: A ditadura civil-militar brasileira através do filme Zuzu Angel (2006)- reflexões de gênero e militância. Revista Homium, v. 5, p. 38-61, 2016.

CODATO, Adriano Nervo. O golpe de 1964 e o regime de 1968: Aspectos conjunturais evariáveis históricas. História: Questões & debates, Curitiba, n 40, p. 11-36, 2004

COLLING, Ana Maria. A resistência da mulher à ditadura militar no Brasil. Rio de Janeiro: Rosa dosTempos, 1997

FICO, Carlos. A negociação parlamentar da anistia de 1979 e o chamado “perdãoaos torturadores”. Revista Anistia Política e Justiça de Transição, Brasília, Ministério da Justiça, n.4, p.318-333, jul./dez. 2010.

__________. História do Tempo Presente,eventos traumáticos edocumentos sensíveis -o caso brasileiro. VariaHistoria, Belo Horizonte, vol. 28, nº 47, p.45-59, jan/jun 2012

MENESES, UlpianoT .Bezerra de. Fontes visuais, cultura visual, História Visual.Balanço provisório, propostas cautelares. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 23, nº 45, pp. 11-36 –2003

MOREIRA ALVES, Maria Helena. Estado e oposição no Brasil (1964-1984). Bauru: Edusc,2005.

SARLO, Beatriz. Tempo passado. Trad. AGUIAR, Rosa Freire. São Paulo: Companhia dasLetras, 2007.

Sugestões de materiais
http://www.arquivoestado.sp.gov.br/site/assets/difusao/pdfs/DITADURA_Ieda_Santos.pdfAcessado em 15/02/2018
https://resistenciaemarquivo.files.wordpress.com/2014/09/2014-09-10-o-fim-da-ditadura.pdfAcessado em 15/02/2018
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=53684Acessado em 15/02/2018

32 comentários:

  1. Bom dia! Como professor de Historia vejo hoje uma dificuldade em falar sobre a ditadura, pois muitos jovens estao fascinados por esse tipo de politica. Como podemos resolver isso em sala de aula? Que metodologia mais eficiente?

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  2. Olá Benedito, tudo bem? A melhor forma trabalhar o regime em sala de aula é mostrar como o mesmo agia. Penso que o uso de documentários, bem como depoimentos são abordagens importantes. Além disso, penso que a contextualização do período se torna importantíssimo. Quanto ao fascínio, acredito que teremos outros depoimentos aqui sobre tal acontecido, mas penso que nossa função é justamente essa, problematizar e desconstruir certos revisionismos. Qualquer coisa me contate novamente. Abraço

    Ary Albuquerque

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  3. Bom dia, Ary. Tudo bem? Seu texto fez-me refletir sobre a cronologia que usamos para debater o período da ditadura civil-militar (1964-85) e repensar se realmente é a mais "correta". Gosto da ideia de trabalharmos sobre esta "noite que durou 21 anos" ou 24 tal qual pensa Adriano Codato, com outras ferramentas didáticas que dialoguem com o mundo do estudante, sejam elas: depoimentos, filmes, imagens, documentários etc. Todavia, sabemos que o tempo de um/a professor/a em sala de aula são ínfimos. Como fazer estes debates que demandam mais tempo? Devemos pôr de lado alguns temas históricos em detrimento de outros que possuem uma questão socialmente viva mais pertinente ao momento atual?

    Bruno Erbe Constante - Graduando em História pela UFRGS.
    erbeconstante@gmail.com

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  4. Bom dia Bruno, realmente a questão da temporalidade varia muito a depender da abordagem, eu mesmo uso muito o professor Codato como teórico. Quanto á questão dos debates e o pouco tempo que o professor de história tem, realmente é um problema, ainda mais nos tempos de hoje. Penso que talvez fazer uma aula aproximando temas é uma boa alternativa para tentar usar o tempo. Outra atividade que pode ser feita é um juri, onde dividiria a sala em grupos, simulando uma plenária e a cada aula apresentarem seus argumentos. Claro que essa atividade precisa ser contextualizada. Mas vamos em frente. Qualquer dúvida estou a disposição.

    Ary Albuquerque

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  5. Boa Tarde!O Brasil possui uma forte tradição militar em sua história política, e hoje quando estamos em sala de aula percebemos um certo fascínio dos alunos em relação a esse período. O problema desse fascínio é que muitos desses estudantes gostariam que o Brasil voltasse a viver sobre uma ditadura, por os mesmos acharem que seria muito melhor e haveria menos corrupção do que está hoje. E se formos olhar pra a sociedade como um todo ainda hoje, muitas pessoas continuam a defender um governo militar e a rejeitar a democracia. Para você, porque as pessoas ainda hoje mesmo sabendo dos fatos ocorridos durante o período da ditadura, ainda defendem esse regime?
    Thaís Carolline Alves da Silva

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    1. Bom dia Thaís, o fascínio é explicado pela falta de informação ou por um entendimento errôneo do período. Se citarmos por exemplo a corrupção, ela é bem antiga em nossa sociedade, então, muitos estudos dão conta de práticas de corrupção no Estado militar, qualquer me envie um e-mail que te envio. Ou seja, uma abordagem possível seria mostrar que no período havia corrupção e desmistificar o salvacionismo. Quanto aos mais "velhos", penso que seja um posicionamento mais dificil de se desfazer, mas a ditadura ocorreu e não pode-se negar o quanto repressivo e cerceador foi o período. Qualquer dúvida entra em contato. academicoary@gmail.com

      Ary Albuquerque

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  6. Boa tarde, Ary. Sem dúvida seu texto se mostra muito atual, e os debates levantados muito pertinentes diante dos diversos embates políticos/ideológicos que giram atualmente entorno da questão da intervenção militar. O tema se mostra um tanto espinhoso para ser debatido em sala de aula, principalmente ao considerarmos a quantidade de informações distorcidas que os alunos absorvem por meio das redes sociais. Com isso, como podemos trabalhar o tema dos Direitos Humanos no contexto da ditadura, de uma forma que busque desconstruir ideias falaciosas que permeiam a discussão, como por exemplo, “direitos humanos só serve para defender bandido”?

    Atenciosamente!
    Lucas Alves da Silva

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    1. Penso que o primeiro passo seria mostrar o surgimento dos Direitos Humanos, fazer um levantamento cronológico. A partir dessa abordagem, ao longo do tempo você pode ir contextualizando as "adaptações" que foram sendo feitas e como os DH foram sendo aplicados. No âmbito da ditadura observar o quanto os mesmos foram desrespeitados e na atualidade o que de fato os DH pregam quanto aos presídios. o tema sempre será espinhoso, porém, precisamos falar sim, se não poderemos estar futuramente numa sociedade endurecida e sem qualquer respaldo.

      Ary Albuquerque

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  8. Boa noite.
    Creio que é preciso haver uma abordagem sobre a temática da ditadura militar mais profunda em sala de aula. Estou no último período do curso de licenciatura em história e durante o meu estágio vejo a dificuldade imposta ao docente em suas aulas para conseguir abordar com maior profundidade este assunto com o curto espaço de tempo disponível. Esta dificuldade não esta restrita a temática da ditadura, mas também com as outras temáticas da grade curricular. O pouco tempo que o professor tem em sala de aula acabaria por levá-los a trabalhar apenas com o livro didático e com as suas próprias memórias sobre o período da ditadura, pois em geral estes professores viveram os anos da ditadura militar no Brasil ou como no meu caso, viveram os anos da redemocratização, levando-os a utilizar destas estratégias. Portanto acredito que o grande desafio para o professor é conseguir fazer uma conexão entre o momento atual do país e o contexto da vigência da ditadura militar no Brasil utilizando uma gama mais ampla de fontes. A internet deixou estas fontes mais acessíveis, mas é preciso auxiliar os alunos ao utilizarem esta ferramenta, em razão da quantidade de informações não confiáveis e também por causa da quantidade das “fakes news” tão utilizadas atualmente por grupos que querem impor sua ideologia.
    Att Sídnei Alves Delleprane

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    1. Concordo com sua reflexão Sidnei, e devemos ter muito cuidado com as redes sociais, pois uma mensagem ganha corpo rapidamente e sem a devida abordagem toma tom de verdade.

      Ary Albuquerque

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  10. Olá Ary. Percebemos que hoje a cada dia nossa geração se tornar partidária , seja levantando a bandeira de extremistas ou criando "heróis " a partir de uma manipulação de informação da mídia , acarretando em os jovens e até quem vivenciou os tempos da ditadura desejarem que retorne a intervenção militar ou a liberação do uso de armamento. Como o professor contemporâneo pode conscientizar nossos alunos do perigo da ditadura?E como introduzir senso crítico dos nossos alunos de maneira apartidária para fugir da alienação de determinados partidos políticos ?

    ANDRÉ SALES DE SOUSA

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    1. Olá André, tudo bem? Acho que é função do professor é essa promover o debate, a conscientização e atuar no senso crítico do aluno, aguçando o mesmo a refletir. Falar em Ditadura hoje em sala de aula, traz muito os reflexos da politica atual, trazendo a corrupção, partido X ou Y, então se torna espinhoso o tema. Contudo, eu acredito que levar documentários e expor os ocorridos durante o regime, desmistifica muita coisa para as possives defesas de uma ideologia ditatorial. Também penso que o debate é importante, então as ideias só podem ser construídas e reconstruídas através desse contato. Espero ter ajudado.

      Ary Albuquerque

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  11. Boa noite. Excelente texto com metodologia muito válida para o ensino de um assunto e período do Brasil tão sensível. A minha pergunta é muito específica, baseada na minha experiência pessoal. Cresci estudando em colégio militar e o tema da ditadura lá é bastante censurado (pelo menos era quando estava no ensino médio, há 4 anos atrás). Lá a ditadura não era ditadura e sim a "revolução de 64", só depois de ingressar na faculdade que tive acesso a outras fontes e pude perceber o perigo de uma história única. Dito tudo isto, me pergunto, como um professor pode conseguir mostrar os fatos e os dois lados da história, quando imagino eu que a própria escola imponha limites nesse ensino? Como quebrar essa barreira, mas mantendo o seu emprego ao mesmo tempo?

    Mayara da Costa Pinheiro

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    1. Bom dia Mayara, tudo bem? Gostei muito da reflexão e a preocupação com o emprego. Realmente é bem complicado tal abordagem, já que partem de perspectivas diferentes. Penso que você pode propor uma espécie de Juri fictício, onde você como juíza vai administrando o debate. De um lado alunos para defender e outros para ir contra. Nesse processo você pode ir fornecendo números e fatos durante o debate. Quanto a imposição da escola, realmente é um problema, mas penso essa ser uma alternativa. Qualquer duvida me escreva.

      Ary albuquerque

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  12. Juciana Pereira Lustosa11 de abril de 2018 às 00:59

    Bom dia, recentemente senti essa dificuldade de tratar sobre a ditadura militar em sala de aula, durante o ultimo estágio. Por ainda ser um tema que desperta muita curiosidade, pois percebi que alguns alunos conheciam pouco sobre o tema, resolvi fazer uso da exibição de documentários. Dentro desse contexto, minha dúvida ficou com relação aos métodos de ensino, como falar da nossa história, se não é bem visto tratar da ditadura em sala de aula? Como se trabalhar a ditadura em sala de aula, se esse tema ainda não é bem aceito por algumas instituições de ensino?

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    1. Olá Juciana, realmente como falei acima é complicado. Penso que durante o processo de construção da aula você inserindo musicas do período e pedindo uma análise das letras é uma forma de trabalhar o tema de forma mais leve. Conforme forem surgindo as leituras você vai contextualizando e trazendo o período. Se você tiver numa escola que trabalhe a interdisciplinaridade, pode ainda chamar a/o docente de Português. Mas continue fazendo seu belo trabalho e não desaninme, pois precisamos estar cientes do que ocorreu entre 1964 -1989 e não deixar que os alunos tenham paixões ou fixações sem levar em conta as arbitrariedades.

      Qualquer coisa estou a disposição.


      Ary Albuquerque

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  13. Bom dia
    Como professora de história venho abordando ao longo do tempo a metodologia da música, cultura, teatro, censura na ditadura militar. Em seu trabalho observei a frase: o aluno já vem com vontade de querer falar do tema.Em sua concepção este tipo de abordagem metodológica que faço responde a estes anseios do aluno em querer falar da ditadura militar?

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    1. Bom dia Rosiane, adoro trabalhar com essas metodologias. Penso que que é possível atender sim os anseios, mas observe a participação dos alunos e como eles se envolvem. Outra coisa é pegar releituras mais atuais das musicas, o que permite se sentirem mergulhados na música, por exemplo: O Charlie Brow Jr fez uma versão da música "Para não dizer que não falei das flores". Bem é isso. Parabaéns pelas abordagens que faz. Qualquer coisa me contate.

      Ary Albuquerque

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  14. Olá professor, tudo bem?
    Em sua perspectiva qual deve ser uma das causas para o retorno dos discursos de ódio dentro dos espaços escolares e como o uso de tecnologias pode ajudar para a problematização desses discursos?
    Parabéns pelo trabalho

    David Richard Martins Motta

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    1. Olá David, tudo bem? Então, o discurso de ódio toma forma quando os fatos são deixados de lado como ocorreram. Como falo no texto, houveram perdas de todos os lados, contudo, nada justifica torturas e ocultação de documentação etc. Quanto ao uso da tecnologia, penso que ela é uma aliada e ao mesmo tempo vilã, pois não bem problematizada, levanta verdades e não reflexões. Qualquer coisa estou a disposição.

      Ary Albuquerque

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  15. João Vinícius Chiesa Back12 de abril de 2018 às 18:38

    Boa noite. Antes de mais nada gostaria de parabenizar seu artigo, nota-se um rigor muito bom ao lidar com uma problemática que está se tornando cada vez mais evidente e gritante na docência. Em tempos sombrios que utilizam termos como "Revolução de 64" ou simplesmente "período militar", seu texto nos dá uma luz para trabalhar tal tema na sala de aula. Percebe-se que de um lado temos uma memória extremamente sensível, pautada pelo sofrimento de muitos dos pais dos alunos e de outro uma memória que romantiza a ditadura como sendo a Idade de Ouro do Brasil. Peço seu posicionamento acerca de como devemos tratar esse assunto tão sensível na memória de muitos, herdada da memória coletiva familiar. Como se posicionar contrário à Ditadura civil-militar sem ter incidentes de pais vindo ao colégio dizendo estar sendo vítima de doutrinação dos filhos?

    Desde já renovo a alta qualidade de seu artigo Ary Albuquerque Cavalcanti.

    Cordialmente,
    João Vinícius Chiesa Back

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    1. Olá João, entendo sua preocupação, e ela não se faz presente apenas nos colégios, mas também, já nas universidades. Penso que você possa apresentar imagens da época, pois a utilização dessa metodologia permite ao alunado ver algo produzido no passado, como as devidas problematizações é claro. Quanto a aplicação em sala, acredito que fazer links com a repressão e nao necessariamente à debate-la pode permitir a você um trabalho mais "tranquilo". Agradeço pela leitura do texto e me coloco a disposição.

      Ary Albuquerque

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  16. Parabéns pelo excelente texto! O meu questionamento reside em como professores da educação básica podem debater a temática da ditadura militar, um iminente retorno da mesma e a disseminação de ódio tão propagada nas redes sociais? Lídia Cristiany Alves Assunção

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    1. Olá Lídia, muito obrigado pela leitura do texto. Então, o trabalho dessa temática geralmente se dá no ensino médio, mas nada impede que você possa trazê-lo à educação básica. Observe primeiro a média de idade e a maturidade para a apresentação de determinados temas. Como alternativa, penso que possa utilizar a música, além de propor uma aula diferente, possibilita um processo de interpretação de texto. Dessa forma você contextualiza e aplica. Qualquer coisa me escreva.

      Ary Albuquerque

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  17. Boa noite professor Ary. Parabéns pelo seu trabalho sobre este tema tão atual. Durante meu período de graduação, realizei com alguns colegas um projeto de extensao que tinha o objetivo de difundir filmes com temática da Ditadura Militar no Brasil para adolescentes do Ensino Médio, percebi em seu texto alguns títulos que utilizamos em nossas atividades. Minha pergunta a partir das experiências sobre os trabalhos sobre esta temática é: quais outras sugestoes de possibilidades pedagógicas podem ser realizadas a partir da temática da Ditadura Militar no Brasil e que pode ser articulado com a realidade política e social da sociedade brasileira atual?

    Grato,

    GUSTAVO CEZAR WALTRICK

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    1. Olá Gustavo, obrigado pela leitura e parabéns pelo projeto. Quanto a sugestões, penso que poderias trabalhar com noticias da época (você pega em jornais da época na internet), simulação de juri (como escrevo no texto), uso de Charges e também de musicas. Qualquer coisa me escreva.


      Ary Albuquerque

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  18. Sei que ainda podem chegar novas mensagens, mas caso alguém queira entrar em contato comigo, pedir textos e/ou ajuda em aulas etc, pode me escrever no email:


    academicoary@gmail.com


    Abraço a todxs!

    Ary Albuquerque

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  19. Marcos Vinicius Rodrigues Ferreira13 de abril de 2018 às 12:47

    Boa Tarde Professor Ary
    Parabéns pelo texto, ótimo momento para falarmos disso com tantas tentativas da extrema direita em provocar exaltação e desenvolver justificativas para os absurdos cometidos durante este período.
    Influenciando negativamente algumas pessoas que aceitam este discurso.

    Minha pergunta é como debater este assunto em sala de aula existindo o desafio de lidar com as diferentes abordagens do tema que os alunos trazem com eles.
    Outro questionamento é de que forma podemos desconstruir para o aluno a ideia de que em um estado militar não existe corrupção pois muitos jovens compartilham desta visão.

    Att,
    Marcos Vinicius Rodrigues Ferreira

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  20. Olá Marcos, muito obrigado pela leitura do texto. Então, penso que uma das possibilidades seja trazer as fontes lidas pelos estudantes como fonte e demonstrar as lacunas existentes. Além disso, o uso de documentários e a devida contextualização pode ajudar nessa processo. Qualquer coisa me escreva.

    Ary Albuquerque

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  21. Ary, excelente texto. Uma questão que me veio a cabeça demanda do fato que foi pontuado pelos colegas que é a questão de que o tema está bastante atual e tem sido debatido nos diversos meios. O tema é delicado e exige além de conheciconhecimento uma certa empatia por aqueles que foram atingidos diretamente por tal acontecimento . Eu tive a oportunidade de ver uma peça interativa que trazia relatos de pessoas e os silêncios causavam dor em quem estava no local . Fiquei me perguntando se no caso da ditadura,seria interessante que esses alunos possam vê-las para além da sala de aula, por exemplo nos lugares de memória que sediaram tais eventos?
    Tamires Celi da Silva .

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